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junho 7, 2013

‘Elles’ mostra arte do ponto de vista feminino por Cristina Tardáguila, O Globo

‘Elles’ mostra arte do ponto de vista feminino

Elles: Mulheres Artistas na coleção do Centro Pompidou, Centro Cultural Banco do Brasil - CCBB, Rio de Janeiro, RJ - 24/05/2013 a 14/07/2013

Matéria de Cristina Tardáguila originalmente publicada no jornal O Globo em 23 de maio de 2013.

Sucesso no Pompidou, exposição chega ao CCBB com 120 obras assinadas por mulheres

RIO - Sessenta e cinco mulheres vão tomar o Centro Cultural Banco do Brasil, no Centro do Rio. A partir desta quinta, quando abre para convidados (amanhã ao público) o espaço exibirá 120 obras — entre pinturas, esculturas, desenhos, fotografias, instalações e vídeos — assinadas exclusivamente por artistas do sexo feminino. Trata-se da exposição “Elles: Mulheres artistas na coleção do Centro Pompidou”, que levou 2 milhões de visitantes ao museu de Paris, onde foi inaugurada em 2009, e 100 mil curiosos ao Seattle Art Museum, nos Estados Unidos, em 2010.

Entre as 65 mulheres que compõem a mostra, estão artistas que pincelaram, esculpiram, filmaram e fotografaram entre 1907 e 2010, o que, de certa forma, transforma o conjunto das obras num grande reflexo sobre a produção artística das mulheres no último século. No seleto grupo vindo do Pompidou, estão seis brasileiras. São elas: Letícia Parente (1930-1991), Anna Maria Maiolino, Sônia Andrade, Rosângela Rennó, Rivane Neuenschwander e Anna Bella Geiger.

No CCBB, elas estarão lado a lado de potências como as fotógrafas americanas Nan Goldin e Diane Arbus (1923-1971), da pintora mexicana Frida Kahlo (1907-1954) e da performer cubana Ana Mendieta (1948-1985) — para citar algumas das principais grifes da arte feminina dos últimos cem anos.

A curadoria da exposição, que tem apoio da Lei Rouanet, leva a assinatura das francesas Emma Lavigne e Cécile Debray, que decidiram dividir a mostra em cinco seções. Em cada uma delas, buscaram um ângulo, uma visão de mundo diferente.

Homenagem a Delaunay

A primeira foi batizada como “Tornar-se um artista” e homenageia a pintora e designer russa-francesa Sonia Delaunay (1885-1979). Lá, o visitante encontrará trabalhos tanto dela quanto da pintora portuguesa Maria Helena Vieira da Silva (1908-1992), da gravurista francesa Marie Laurencin (1883-1956), da escultora americana Dorothea Thanning (1910-2012) e da pintora francesa Suzanne Valadon (1865-1938), entre outras.

Logo em seguida, vem a seção “Abstração colorida/abstração excêntrica”, com a artista plástica francesa Louise Bourgeois (1911-2010), a pintora americana Joan Mitchell (1925-1992) e a pintora húngara Vera Molnar, para citar algumas das artistas incluídas nesse grupo.

Depois, o visitante é levado ao “Feminismo e a crítica do poder” e dá de cara com três das seis brasileiras: Anna Bella, Anna Maria e Letícia. Mas, nessa seção, chama a atenção a reprodução do painel “Guerrilla Girls”, que informa que no Metropolitan de Nova York só 5% dos artistas no acervo são mulheres e que 85% das mulheres retratadas nas telas estão nuas.

Na quarta parte da mostra há fotos da americana Nan Goldin, e na quinta, as outras brasileiras do acervo do Pompidou — Rosângela e Rivane.

— Foi um processo longo preparar essa exposição. Além de usarmos o que já tínhamos no acervo permanente do Centro Georges Pompidou, fizemos algumas aquisições. O diretor do museu gostou da ideia e fomos em frente — diz Emma Lavigne, curadora da mostra. — Naquele momento, os estudos de gênero estavam em alta. Alguns museus americanos começaram a fazer exposições do tipo, mas menores. Resolvemos fazer a nossa, que traz um olhar sobre o acervo permanente do Pompidou.

Entre as obras adquiridas enquanto a exposição era planejada, estão peças das brasileiras Lygia Clark e Rivane Neuenschwander. Emma diz que a ideia da exposição é não só mostrar a importância dessas artistas para a arte, mas também lembrar a importância delas nas causas políticas da sociedade.

— Várias delas lutaram pela democracia, contra posturas autoritárias. Sem falar da importância que elas tiveram dentro de vanguardas, como Frida Kahlo, no caso do surrealismo. Elas não podem ser encaixadas em estereótipos. Com a seleção, mostramos também as relações entre arte moderna e contemporânea — afirma a curadora.

Posted by Patricia Canetti at 7:15 PM