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junho 2, 2013
Atraso de peças faz Brasil perder abertura da Bienal de Veneza por Fabio Cypriano, Folha de S. Paulo
Atraso de peças faz Brasil perder abertura da Bienal de Veneza
Matéria de Fabio Cypriano originalmente publicada no jornal Folha de S. Paulo em 27 de maio de 2013.
O pavilhão brasileiro não estará pronto para a abertura a convidados na 55ª edição da Bienal de Veneza, que tem início amanhã, na Itália.
Parte das obras foi enviada apenas no último sábado, e "Unidade Tripartida", umas das peças mais representativas do suíço Max Bill (1908-1994), premiada na primeira Bienal de São Paulo (1951), deve embarcar só amanhã.
Com isso, o pavilhão perderá necessariamente parte dos dias dedicados à visitação por imprensa, convidados e jurados da exposição, que vão de amanhã a sexta.
O Leão de Ouro de melhor artista e o de melhor pavilhão serão anunciados no sábado 1/6, dia de abertura da Bienal para o público -a mostra seguirá em cartaz até 24/11.
Segundo Emilio Kalil, que organiza a representação brasileira no evento em nome da Fundação Bienal de São Paulo, as obras foram entregues à transportadora Millenium International há cerca de 15 dias, dentro dos prazos acordados com a empresa.
"A informação da Bienal em relação à coleta das obras procede, porém temos todo um processo de desembaraço alfandegário para cumprir", disse à Folha Matheus Quintanilha, da Millenium, anteontem.
De acordo com Quintanilha, as obras foram divididas em dois grupos; a maior parte deveria sair do aeroporto de Guarulhos e a obra de Bill, de Viracopos.
A parte de Guarulhos, que seguiria para a Europa na quarta passada, não pôde embarcar, segundo ele, porque "a TAM postergou o embarque em quatro dias devido a um grande lote de frutas, que ganhou a preferência para voar por se tratar de produto perecível".
"Hoje [ontem], com exceção da obra de Max Bill, todas as demais chegaram. Nossa previsão é de que na quarta-feira o pavilhão esteja pronto", disse Kalil, à Folha, de Veneza. A abertura oficial do pavilhão brasileiro é na sexta-feira.
O atraso em Viracopos, segundo o profissional da Millenium, ocorreu porque "a documentação ficou pronta em cima da hora, e o despachante não teve tempo hábil para conseguir a liberação para o vôo de ontem [sexta]".
Intitulada "Dentro/Fora", a representação brasileira, com curadoria de Luis Pérez-Oramas, responsável pela última Bienal de São Paulo (2012), é formada pelos artistas contemporâneos Hélio Fervenza e Odires Mlászho.
Os artistas criaram novas obras para o pavilhão, que tem um núcleo histórico com obras de Max Bill,da brasileira Lygia Clark (1920-1988) e do italiano Bruno Munari (1907-1998).
A representação é paga com verba concedida pelo Ministério da Cultura, por meio da Funarte, e é organizada pela Fundação Bienal de São Paulo. O Brasil é um dos 88 países que participam da Bienal de Veneza, que neste ano terá pela primeira vez um pavilhão do Vaticano.
Além das representações nacionais, a 55ª Bienal de Veneza apresentará a exposição "O Palácio Enciclopédico", com curadoria do italiano Massimiliano Gioni.
Com cerca de 150 artistas de 37 países, "Palácio" inclui trabalhos dos brasileiros Artur Bispo do Rosário (1910-1989), Tamar Guimarães e Paulo Nazareth.
Alguns dos 47 eventos colaterais da programação oficial também terão brasileiros. Entre eles estão Jonathas de Andrade e Andre Komatsu, na exposição "Future Generation Art Prize", da Fundação Pinchuk, e Cinthia Marcelle, na mostra "Emergency Pavillons: Rebuilding Utopia".