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Como atiçar a brasa

 


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abril 7, 2013

Nos meandros do mercado da SP-Arte por Audrey Furlaneto, O Globo

Nos meandros do mercado da SP-Arte

Matéria de Audrey Furlaneto originalmente publicada no jornal O Globo em 4 de abril de 2013.

Galerias estrangeiras comemoram primeiro dia de vendas e comparam feira à similar carioca

Escultura de Jeff Koons e tela de Francis Bacon ainda aguardam comprador

SP Arte 2013, Fundação Bienal de São Paulo, São Paulo, SP - 04/04/2013 a 07/04/2013

SÃO PAULO - Dois seguranças guardam o estande da Gagosian na SP-Arte, que abriu as portas ontem para convidados e segue até domingo, no Pavilhão da Bienal, em São Paulo. Um deles observa a estranha escultura do americano Jeff Koons, quase no corredor da feira. Tem um olhar desconfiado. A obra de arte que ele vigia, afinal, é composta de uma escada metálica e uma boia infantil em forma de cachorro. O preço: entre US$ 5 milhões e US$ 7 milhões — algo entre R$ 10 milhões e R$ 14 milhões.

A peça, exposta pela primeira vez, não tinha sido arrematada na abertura. Mas era do lado de dentro do estande que a Gagosian guardava sua estrela principal, uma grande tela do anglo-irlandês Francis Bacon de US$ 11 milhões (ou R$ 22 milhões). A obra também terminou a abertura sem comprador.

Termômetro de qualquer feira, o dia destinado aos colecionadores é aquele em que mais se vende — ou se “reservam” obras. Na Gagosian, embora as peças mais caras não tivessem sido vendidas, a diretora da galeria em Nova York, Victoria Gelfand-Magalhães, dizia se tratar de “um grande primeiro dia”.

— Veremos no fim se foi melhor que a ArtRio. No Rio, tivemos uma grande feira, mas aqui a organização flui muito mais suave — afirmou.

Nos bastidores, de fato, comenta-se que, assustadas com problemas de organização na Art- Rio, as gigantes decidiram testar a SP-Arte. Na feira carioca, onde a Gagosian fez sua estreia no Brasil, a galeria informou ter vendido US$ 5 milhões no primeiro dia.

— Temos obras para colecionadores jovens e já consolidados. O que nos atrai de fato para o Brasil é a isenção de impostos. Não é possível pagar quase 50% (tarifação normal, fora do período das feiras) para importar uma obra — completa a diretora da Gagosian.

O mesmo motivo é usado pelas outras quatro maiores do mundo que, pela primeira vez, estão reunidas numa feira na América do Sul. Ao lado da Gagosian, White Cube (que veio à SP-Arte em 2012), Hauser & Wirth, Pace e David Zwirner formam a potência mundial das artes e estão entre as 41 galerias estrangeiras com estandes no Pavilhão da Bienal (ao todo, são 122 galerias).

A White Cube, quatro horas depois da abertura da feira, já havia vendido um Damien Hirst por mais de US$ 1 milhão. Obras de Jac Leirner e Tracey Emin também saíram logo. A diretora de vendas da galeria londrina, Daniela Gareh, comentava diferenças entre as feiras de SP e Rio — tema que costurou os bastidores da estreia das gigantes na capital paulistana.

— É ótima (a SP-Arte), com mais experiência e conhecimento do que é fazer uma feira. Estão fazendo isso há mais tempo, o Rio ainda é muito jovem, precisa aprender — disse Daniela.

Já a diretora da Hauser & Wirth, Mariana Teixeira de Carvalho, lembrava as agruras vividas na edição carioca, onde até fechou mais cedo seu estande temendo que obras fossem danificadas pelo público (foram, como divulga a Art- Rio, 74 mil visitantes circulando pelos 7.500 metros quadrados no Píer Mauá):

— Aqui está mais agradável, dá para circular melhor, com mais espaço — afirmou, referindo-se aos 20 mil metros quadrados da SP-Arte.

A Hauser, porém, dizia não ter expectativa de vendas. Levou obras de apenas três artistas e aposta num trabalho a longo prazo: quer apresentá-los ao colecionador brasileiro para que sejam conhecidos pelo comprador daqui.

Na David Zwirner, o diretor Greg Lulay afirmou que o primeiro dia da SP-Arte é “mais movimentado”.

— Nos saímos muito bem — afirmou Lulay. — Sinto que a força de comercialização de arte no Brasil é fascinante. Fazemos 14 feiras no mundo todo e, para mim, não se trata de estar no Rio ou em São Paulo, mas no Brasil. O mercado está mudando no globo. A economia do Brasil está ótima. É por isso que estamos aqui.

Já na Pace, o diretor Marc Glimcher comemorava a venda de um Yoshitomo Nara (por US$ 650 mil). A principal peça do estande, no entanto, não tinha conseguido comprador — um retrato de Chuck Close, de mais de US$ 5 milhões.

Posted by Patricia Canetti at 11:22 AM