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dezembro 3, 2012
Vik Muniz é o curador de mostra de arte ótica em São Paulo por Audrey Furlaneto, Agência O Globo
Vik Muniz é o curador de mostra de arte ótica em São Paulo
Matéria de Audrey Furlaneto originalmente publicada no yahoo notícias pela Agência O Globo em 1 de dezembro de 2012.
SÃO PAULO - Vik Muniz fez viajarem para São Paulo cerca de 80 trabalhos que vão compor a mostra "Buzz", que a galeria Nara Roesler inaugura hoje no espaço criado recentemente e batizado de Hotel Roesler. Enquanto na sala vizinha a galeria fará a abertura da mostra de fotografias do inglês Isaac Julien, no Hotel o foco é a arte ótica - e, para isso, o agora curador Vik fez vir de Chicago para o Brasil, por exemplo, um trabalho de Marcel Duchamp da década de 1940.
Não que Duchamp tenha sido expoente na arte ótica (longe disso), mas sob os olhos do curador Vik a também chamada op-art tem seus braços estendidos sobre boa parte da História da Arte universal ("Desde a pintura rupestre", defende ele).
Além de Duchamp e outros nomes menos óbvios da arte ótica, como o americano Josef Albers, Vik também reuniu trabalhos de artistas imprescindíveis para o movimento que ganhou força nos 1960, como o venezuelano Carlos Cruz-Diez e os brasileiros Abraham Palatnik e Almir Mavignier.
Convidado para trabalhar como curador da mostra pela galerista Nara Roesler, que o representa há pouco tempo (ele deixou o elenco da galeria Fortes Vilaça recentemente), Vik já assinou outras curadorias mundo afora. Reuniu trabalhos e decidiu recortes em exposições no MoMA e no Metropolitan, em Nova York, e no Museu d'Orsay, em Paris.
- Não existe a pretensão de autoridade nos meus projetos curatoriais, mas sim de curiosidade. Sempre que fiz curadoria foi para aprender coisas que me despertavam interesse. É como uma desculpa para me dedicar a uma pesquisa - diz Vik, que, como parte de seu estudo, recorreu à principal referência de exposição de op-art, a "The responsive eye", realizada em 1965 no MoMA.
Se lá o único brasileiro a expor era então Almir Mavignier, na mostra com curadoria de Vik, Abraham Palatnik é o rei. Dele estão trabalhos mais recentes, como uma longa sequência de papel cartão, tudo alinhado pelo artista de forma a criar volume e movimento. Há também Mavignier, artista que foi responsável, aliás, pela transformação de Palatnik - Mavignier levou o amigo ao Engenho de Dentro e, depois de ter contato com Nise da Silveira, a obra de Palatnik transformou-se radicalmente.
Vik também selecionou trabalhos de Ivan Serpa, Aluísio Carvão, Israel Pedrosa e de contemporâneos, como Angelo Venosa - este, que pouco parece ter relação com a arte ótica, terá exposto na galeria trabalho de 2012, no qual estão sobrepostas camadas de acrílico ora pretas, ora brancas.
Das 80 obras que reuniu para a exposição, apenas cerca de 60 devem ser vistas pelo público, após a "edição" de Vik feita ao longo da semana. E, embora seja numa galeria, a mostra tem ares de institucional, já que grande parte dos trabalhos, muitos cedidos por colecionadores ou instituições, não está à venda.
* Audrey Furlaneto viajou a SP a convite da galeria Nara Roesler