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novembro 5, 2012
Tunga é maior destaque dos novos pavilhões de Inhotim por Fabio Cypriano, Folha de S. Paulo
Tunga é maior destaque dos novos pavilhões de Inhotim
Crítica de Fabio Cypriano originalmente publicada no Caderno Ilustrada do jornal Folha S. Paulo em 5 de novembro de 2012.
Das novas inaugurações em Inhotim, realizadas em setembro passado, o pavilhão de Tunga é o destaque. Não só pelo tamanho -com 2.600 metros quadrados, é o maior do local-, mas pelas mais de 15 obras, que percorrem toda a carreira do artista.
O pavilhão foi desenhado pelo escritório Rizoma Arquitetura e lembra a Nova Galeria Nacional, em Berlim, de Mies van der Rohe (1886-1969), marcada pela transparência e pelo imenso pé-direito. Em Inhotim, o pavilhão recebe desde a instalação "Ão" (1980), na qual um percurso dentro de um túnel que nunca termina é projetado em "looping", até as obras mais recentes do artista.
Na abertura, mais de cem pessoas refizeram icônicas "instaurações" -é assim que Tunga denomina suas performances. Entre elas, "Xifópagas Capilares entre Nós", com jovens irmãs gêmeas unidas pelos longos cabelos, ou "Teresa", na qual dezenas de jardineiros de Inhotim construíam tranças com tecidos, como aquelas feitas para se escapar das prisões.
A trajetória de Tunga é singular na arte brasileira. Se, por um lado, ele dá continuidade às propostas de Lygia Clark e Hélio Oiticica, valorizando a presença do espectador e o questionamento ao suporte, por outro, ele reúne elementos surrealistas, que imprimem certo mistério ao seu trabalho.
Seu pavilhão dá conta de tudo isso de forma orgânica e em sintonia com a natureza. Dessa forma, Inhotim consolida-se como espaço único no cenário nacional, onde se pode conhecer de fato a obra de artistas essenciais como Cildo Meireles e Hélio Oiticica -e agora Tunga.
Já "Ttéia 1C", de Lygia Pape (1927 - 2004), instalada em outro pavilhão, é uma obra-prima que faz ótimo diálogo com a nova configuração da Galeria da Mata. Lá estão obras de oito artistas que abordam a poética construtiva, como em trabalhos de João José Costa e Edward Krasinski.
Nas novas inaugurações, destoa apenas a obra da artista espanhola Cristina Iglesias, que criou uma instalação no meio do mato, sem o tom contemporâneo das demais obras do local.
O jornalista FABIO CYPRIANO viajou a convite de Inhotim