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outubro 25, 2012
Novo capítulo da história por Paula Alzugaray, Istoé
Novo capítulo da história
Matéria de Paula Alzugaray originalmente publicada na seção de Artes Visuais da Istoé em 19 de outubro de 2012.
Exposição tira do esquecimento a arte construtivista inglesa, colocando-a em paralelo com a arte concreta e neoconcreta brasileira
Concretos paralelos/Cultura Inglesa – Centro Brasileiro Britânico, SP/ até 2/12/ Dan Galeria, SP/ até 4/12
Faz parte da história da arte brasileira. Desde que o escultor suíço Max Bill ganhou o prêmio na primeira edição da Bienal de São Paulo, em 1951, com sua escultura “Unidade Tripartida”, o concretismo ganhou definitivamente terreno entre os artistas brasileiros. Conhecíamos a nossa filiação para a objetividade do design e da arquitetura alemã, e para o concretismo suíço. O que não suspeitávamos era nosso parentesco com os ingleses. A exposição “Concretos Paralelos”, organizada em parceria entre a Cultura Inglesa e a Dan Galeria, em São Paulo, vem oportunamente contar esse capítulo esquecido da história. As duas exposições colocam lado a lado a produção de 19 artistas brasileiros e 14 britânicos, realizada entre 1955 e 1975, apresentando correspondências insuspeitas e surpreendentes.
As grandes inspirações para esses 20 anos em que o mundo foi concreto foram a Escola Superior da Forma, de Ulm, na Alemanha, e a escola Bauhaus que, mesmo dissolvida pelo nazismo, em 1933, teve seus artistas, alunos e diretrizes espalhados por toda a Europa e boa parte da América Latina, especialmente Brasil e Argentina. A Bienal de São Paulo nasceu no início dos anos 1950 sob signo da abstração geométrica fomentada pela Bauhaus. Foi determinante para contribuir com sua institucionalização e divulgação, influenciando artistas como Waldemar Cordeiro, Luiz Sacilotto, Lygia Pape e Milton Dacosta, que ganhou o prêmio nacional de pintura na terceira Bienal. Os ingleses também participavam desse circuito e muitos vieram para as bienais, como Graham Sutherland, que ganhou o prêmio de aquisição em 1955. Na bienal seguinte, o britânico Ben Nicholson esteve entre os premiados brasileiros Lygia Clark e Abraham Palatnik. E assim sucedeu até os anos 1970, com brasileiros e ingleses dividindo os pódios das bienais de São Paulo.
orém, os artistas concretos britânicos nunca alcançaram a representatividade local e internacional que os brasileiros tiveram e foram relegados a um segundo plano. Hoje, seu papel está sendo revisto e a exposição em São Paulo marca esse movimento de resgate de um período que ficou obscurecido na história da arte britânica. A mostra chamou a atenção de Nicholas Serota, diretor do Tate de Londres, que esteve em São Paulo na ocasião da abertura da 30ª Bienal, em setembro. A publicação que será editada também ajudará a marcar esse momento decisivo em que a arte brasileira serve de farol para iluminar o resto do mundo.