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setembro 21, 2012
Instituições montam exposições atraentes como alternativas à Bienal em SP por Mario Gioia, UOL
Instituições montam exposições atraentes como alternativas à Bienal em SP
Matéria de Mario Gioia originalmente publicada no caderno Entrentenimento no UOL em 21 de setembro de 2012
Por conta da visibilidade da 30ª Bienal de São Paulo, tanto em relação a visitantes do exterior como ao público que vem de Estados diversos, setembro é um mês-chave na agenda de importantes instituições e centros ligados às artes. Por isso, o UOL elencou algumas das principais mostras que ocorrem fora da cidade de São Paulo, também com recortes privilegiados e artistas relevantes.
Em Brumadinho (MG), na Grande Belo Horizonte, Inhotim agora conta com novos pavilhões e obras permanentes. Considerado um dos centros de arte contemporânea mais importantes do país, as novas obras conferem ao espaço um destaque ainda maior à arte brasileira, com a abertura da galeria Tunga, um dos artistas brasileiros mais prestigiados em âmbito internacional, e a colocação permanente de T-téia (2002), um dos trabalhos-chave de Lygia Pape (1927-2004) em edifício exclusivo.
“Com a obra de Lygia agora exibida, existe um avanço da discussão da instalação dentro da história da arte brasileira a partir do que está sendo mostrado aqui, como Magic Square, do Hélio Oiticica, e peças do acervo, como as de Artur Barrio”, explica o crítico de arte e curador de Inhotim Jochen Volz, que permanecerá no cargo acumulando, já no mês que vem, a função de curador-chefe na Serpentine Gallery, em Londres, uma das instituições mais importantes da área. “Também é reforçada a investigação sobre a história da arte na América Latina, já que considero que Pape dialoga com, por exemplo, a obra do argentino Victor Grippo.”
Em termos de espaço, a galeria Tunga vai abrindo caminho para novos desdobramentos territoriais para o centro. Em uma área que ainda permanecia desocupada, o pavilhão de 2,5 mil metros quadrados e quatro níveis, no ano que vem, será vizinho da pousada de luxo que também está sendo erguida no local.
Tunga é um dos artistas brasileiros mais bem representados na coleção de Paz e já tinha obras de destaque em Inhotim, como "True Rouge" (1997). Oito trabalhos de variados suportes terão lugar na nova galeria, assinada pelo escritório mineiro de arquitetura Rizoma. O edifício impressiona: com ventilação natural constante, está encravado num belo platô de mata atlântica vigorosa e tem um alto pé-direito, além de espaços expositivos generosos. "A La Lumière des Deux Mondes" (2005), apresentada no Museu do Louvre, em Paris, será uma das grandes peças expostas. “Na sua geração, junto com Cildo Meireles, Tunga é um dos principais artistas brasileiros da coleção, ajudou a idealizar todo esse centro e agora tem um prédio permanente à altura da sua importância”, afirma Volz.
Lygia Pape é uma das artistas-chave na arte contemporânea brasileira e tem sido foco de revisão crítica no Brasil e no exterior. "T-téia" (2002) é uma de suas principais obras e é sucesso certo em todo local onde é exposta. Por meio de um jogo de luz e escuridão, os fios dourados que pendem do teto ao chão fazem com que o olhar do observador se embaralhe e que ele tenha uma experiência de imersão ao caminhar ao lado da instalação.
Cristina Iglesias é um dos principais nomes da arte contemporânea espanhola. Seu site specific (obra exclusivamente feita para o local) é uma das mais instigantes no complexo. Utilizando elementos simples -- uma corrente d´água e um cubo de aço que reflete o entorno --, Iglesias dá continuidade à pesquisa dos elos entre natureza e construção e cria uma peça que se vale da disposição labiríntica e do som para conquistar o visitante.
O cubano Carlos Garaicoa se utiliza de um antigo estábulo para apresentar a instalação Now Let’s Play to Disappear (2002). Ele usa velas, cera, circuito de câmeras e projeção para criar uma cidade imaginária, que reúne miniaturas de prédios célebres, a serem acendidas diariamente.Na nova configuração, também há trabalhos de Edward Krasinski, João José Costa, Juan Araujo, León Ferrari, Luisa Lambri, Mateo López e Renata Lucas.
No interior de SP
O Instituto Figueiredo Ferraz, em Ribeirão Preto (SP), também surpreende pela coleção que ostenta, originária de um dos casais mais importantes na área em âmbito nacional. Dulce e João Figueiredo Ferraz criaram em 2011 um edifício com área expositiva de 1,8 mil metros quadrados para abrigar mostras temporárias, assinadas por nomes importantes da curadoria nacional, como Agnaldo Farias, fundamentadas na rica coleção.
“Queria dividir tudo isso”, diz João, que teve formação de engenheiro, mas hoje dedica-se mais ao espaço, numa cidade que não tem muita tradição em arte contemporânea. “A visitação e a adesão da cidade ainda têm de melhorar, mas acho que isso é um processo não muito rápido.” Até o dia 26 de outubro, uma exposição dedicada ao mineiro Amilcar de Castro (1920-2002), com 152 obras, está em cartaz. A coletiva "Além da Forma: Plano, Matéria, Espaço e Tempo", com curadoria de Cauê Alves, continua sendo exibida, com interessante diálogo entre trabalhos de nomes recentes, como Ana Prata, Marcelo Moscheta e Mariana Serri, e egressos de outras gerações, como Mira Schendel (1919-1988), Paulo Monteiro e Carlos Fajardo.
Pelo Brasil
Em outros Estados, alguns espaços tradicionais, como o MAM carioca, e recentemente criados, como a Fundação Iberê Camargo, têm programação de destaque.
No MAM, localizado no aterro do Flamengo, no Rio, até 23 de setembro segue a retrospectiva dedicada a Angelo Venosa. Montada num dos andares onde é possível ver a baía do entorno, as grandes esculturas do artista paulistano radicado no Rio, feitas nos seus 30 anos de carreira, atestam a sua versatilidade, tanto de materiais como de abordagens.
O carioca Waltercio Caldas é foco de uma grande exposição, na Fundação Iberê Camargo, em Porto Alegre, em cartaz até 18 de novembro. Com curadoria de Gabriel Pérez-Barreiro e Ursula-Davila Villa, "O Ar Mais Próximo e Outras Matérias" também tem um tom de antologia, reunindo obras que vem desde a década de 60. Waltercio é um dos artistas brasileiros com mais prestígio no exterior, tendo exposto na Bienal de Veneza, entre outras mostras de peso. Na mesma cidade, Miguel Rio Branco, outro brasileiro de destaque na cena internacional, apresenta até 11 de novembro 110 trabalhos no Santander Cultural.
Serviço
NOVOS PAVILHÕES E OBRAS
Onde: Instituto Inhotim (r. B, 20, Brumadinho, Minas Gerais; tel. 0/xx/31/3227-0001)
Quando: de terça a sexta, das 9h30 às 16h30; sábado, domingo e feriados, das 9h30 às 17h30
Quanto: R$ 20 a 28; às terças, entrada franca
AMILCAR DE CASTRO/Além da Forma: Plano, Matéria, Espaço e Tempo
Onde:Instituto Figueiredo Ferraz (r. Maestro Ignácio Stabile, 200, Ribeirão Preto, SP; tel. 0/xx/16/3623-2262)
Quando: de terça à sábado, das 14h às 18h
Quanto: entrada franca
ANGELO VENOSA
Onde:Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (Av. Infante Dom Henrique, 85, Rio de Janeiro; tel. 0/xx/21/2240-4944
Quando:de terça a sexta, das 12h às 18h; sábado, domingo e feriado, das 12h às 19h; a bilheteria fecha 30 min antes do término do horário de visitação.
Quanto: R$ 12
WALTERCIO CALDAS - O Ar Mais Próximo e Outras Matérias
Onde:Fundação Iberê Camargo (Av. Padre Cacique, 2000, Porto Alegre, RS; tel. 0/xx/51/3247-8000
Quando:de terça a domingo, inclusive feriados, das 12h às 19h; quintas, até as 21h
Quanto: entrada franca
MIGUEL RIO BRANCO
Onde:Santander Cultural (Av. Alberto Bins, 383, Porto Alegre, RS; tel. 0/xx/51/3287-5940
Quando:de terça a sábado, das 10h às 19h; domingo, das 13h às 19h
Quanto: entrada franca