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setembro 19, 2012
Vila das Artes: celebração e velhos desafios por Iracema Sales, Diario do Nordeste
Vila das Artes: celebração e velhos desafios
Matéria de Iracema Sales originalmente publicada no Caderno 3 do Diário do Nordeste em 19 de setembro de 2012
Programação gratuita acontece até sábado, envolvendo alunos e professores do equipamento cultural
A Vila das Artes funciona com apenas um dos três casarões previstos
Há quatro anos que o Vila das Artes ganhou oficialmente uma sede, além de passar a integrar alguns centenas de metros quadrados do privilegiado centro histórico de Fortaleza. E para celebrar o aniversário, a semana toda vai ser de festa no equipamento cultura da Prefeitura de Fortaleza. Até sábado, uma diversificada programação celebra o funcionamento na Vila do Barão de Camocim.
Dessa maneira, o equipamento, vinculado à Secretaria de Cultura de Fortaleza, cumpre com, no mínimo, três funções básicas ao longo de sua existência: contribuir para a formação artística nas áreas de audiovisual, dança, artes visuais, teatro e cultura digital, além de estimular a requalificação do centro da Cidade. O roteiro da programação de aniversário da Vila das Artes inclui intervenções, apresentações de dança, teatro, exposição, instalação, e mostras de filmes com produções de alunos, ex-alunos e parceiros.
Exibição de filmes das turmas de audiovisual integra a progamação de aniversário dos quatro anos da Vila das Artes. A projeção acontece na noite de sexta-feira e promete adentrar pela madrugada .
Em clima de festa, a diretora da Vila das Artes, Sílvia Bessa, não pensa duas vezes quando o assunto é o futuro do equipamento. "Acredito que o principal projeto é a ampliação da estrutura física, proposta desde o início da Vila: que inclui o restauro da Casa do Barão de Camocim e a construção da Casa do Cinema". Na Casa do Barão, diz, vai funcionar uma biblioteca, o espaço expositivo do Centro de Artes Visuais e um café. No outro prédio, ilhas de edição, salas de produção, equipamentos disponíveis para os produtores independentes, além de sala de projeção que também poderá ser usada como estúdio. "A ampliação do espaço são fundamentais para propiciar mais encontros na Cidade", opina a gestora.
Avaliação
Ao ser indagada sobre que avaliação faz dos quatro anos de existência do equipamento, responde: "É difícil mensurar o que realizamos. Talvez seja mais fácil um olhar de fora. Mas sempre acho que um dos pilares para pensar uma escola de artes é pensar se oferecemos uma formação livre". Segundo ela, a arte é sobretudo um exercício de liberdade, seja de violação de regras, de enfrentamento do status quo ou de rompimento com o hábito. Ou seja, "de oferecer a capacidade de, a partir da realidade, inventar o real".
Outra pista para avaliar o caminho percorrido, até agora, é olhar para o trabalho dos alunos. "Penso que estamos conseguindo", diz. De acordo com Sílvia Bessa, a Vila das Artes fez muita informação circular, abrigou encontros, promoveu trabalhos que fogem ao convencional e problematizou questões importantes para a Cidade.
Para Sílvia, o equipamento cumpre uma parte do papel que consiste no preenchimento da lacuna de espaços para a formação artística em Fortaleza. "Existem outras instituições, como o Cuca Che Guevara, o Theatro José de Alencar, Instituto Federal do Ceará, Instituto de Cultura e Arte, que cuida do Dragão do Mar e do Centro Cultural Bom Jardim, e algumas Ongs que atuam nesta área da cultura", enumera.
"Entendo que o verdadeiro acesso não está em garantir público a grandes espetáculos, mas de dar possibilidade de ter um acesso qualificado às obras de arte e fomentar novos criadores, e neste sentido, é fundamental a formação".
Acesso
Todas as atividades da Vila das Artes são gratuitas. O público atendido é predominantemente jovem. O maior número é de crianças, que participam de dois programas de dança. O maior deles é o Dançando na Escola, em parceria com a Secretaria de Educação do Município, atende a 900 crianças da rede pública. Já o Formação Básica em Dança, que leva a dança para 62 crianças entre 8 a 13 anos.
Segundo Sílvia Bessa, a Vila das Artes não conta com uma grade de cursos fixa, nem tampouco, corpo de professores permanente. "Aliás, este é um diferencial que achamos importante manter", assinala. Diferente de outras instituições na Cidade destinadas à formação em artes, diz ser possível "estar em constante diálogo com a cena, aproveitar circunstâncias, trazer com mais facilidade algum professor que está no Brasil".
A história da Vila da Artes começou em 2006, com um curso de audiovisual, daí passa a oferecer atividades de formação, além de apoio a produção, incentivo a pesquisa e difusão cultural. A iniciativa de ocupar o Centro do poder público como forma de requalificação do espaço, mantido pela Prefeitura, a Vila foi criada a partir da demanda de artistas que reivindicam políticas de formação.
Sempre de olho na formação de plateia também, o foco do trabalho da Vila das Artes é a oferta de cursos direcionados a diferentes públicos. O objetivo do trabalho é potencializar os processos de criação, sem perder de vista a reflexão e o debate sobre as questões relacionadas à sociedade contemporânea. O local que abriga o equipamento, o antigo casarão da família Leite Barbosa Pinheiro, foi desapropriado pela Prefeitura de Fortaleza, em dezembro de 2005, sendo requalificado seguindo à risca o seu desenho original.
O equipamento abriga salas de aula, ateliês, ilhas de edição, mini auditório, biblioteca, salas de aulas e as escolas públicas de Audiovisual, Dança e Teatro; Centro de Artes Visuais de Fortaleza (espaço mantido na Vila das Artes em parceria com o Centro Cultural Banco do Nordeste), Núcleo de Produção Digital, que acolheu, há pouco, uma coordenação de Cultura Digital.
Todas as atividades oferecidas são gratuitas. O projeto original ocupa também outros dois imóveis contíguos, dentre eles, a Casa do Barão de Camocim, uma das obras arquitetônicas mais antigas da Cidade construída em 1870, sem previsão de inauguração.
Mais informações:
Programação do IV Aniversário da Vila das Artes. Até dia 22, na Vila das Artes (Rua 24 de Maio, 1221, Centro). Contatos: (85) 3252.1444 ou viladasartes.fortaleza.ce.gov.br
SAIBA MAIS
Dia 20
De 8h às 18h - Exposição Corpo e Cidade, Instalação e Sala Estúdio
14h - Cine da Tarde - Cinema Clássico Brasileiro
16h - Diálogos Teatrais - participantes do curso "Teatro: Conexões Contemporâneas" apresentam suas pesquisas (artigos escritos apresentados em congressos, encontros de arte ou seminários). No dia 21, pesquisadores de outros espaços da cidade também poderão apresentar seus trabalhos.
18h - Roda de Conversa - encontro com diretores de teatro
18h - Cine Café
Dia 21
De 8 às 18h - Exposição
14h - Cine da Tarde
15h - Dançando na Escola -Apresentação de dança dos alunos 16h - Diálogos Teatrais
17h - Aula aberta ao público de Salsa com o professor Éder Barbosa.
18h - Aula aberta ao público de Dança de Rua e salsa.
18h - Roda de Conversa
18h - Cine Colchão - exibição invade a madrugada, até as 6h da manhã com filmes produzidos e apoiados pela Vila das Artes.
Confira a programação completa em http://viladasartes.fortaleza.ce.gov.br/