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setembro 3, 2012
Bienal de São Paulo chega à 30ª edição renovada por Camila Molina, O Estado de S. Paulo
Bienal de São Paulo chega à 30ª edição renovada
Matéria de Camila Molina originalmente publicada no caderno de Cultura do jornal O Estado de S. Paulo em 2bde setembro de 2012.
O maior evento das artes no Brasil solucionou problemas que ameaçaram sua realização
A Bienal de São Paulo chega à sua 30.ª edição de forma renovada, apesar das dificuldades de percurso que quase inviabilizaram sua realização. Com um amplo número de obras, cerca de três mil, criadas por 111 artistas, e um projeto curatorial consistente, idealizado pelo venezuelano Luis Pérez-Oramas, a abertura da mostra se desdobrará em três momentos ao longo desta semana. Na terça, será a vez dos convidados; quarta e quinta, o pavilhão estará reservado para eventos do serviço educativo. E na sexta-feira, no feriado de 7 de setembro, os portões da Bienal serão abertos para o público.
O título da 30.ª Bienal de São Paulo, A Iminência das Poéticas, é considerado pela curadoria não um tema, mas um eixo condutor da mostra. "Trata-se mais de um pretexto para pensar, para lançar perguntas", explica Oramas, curador responsável pelo departamento de arte latino-americana do Museum of Modern Art (MoMA) de Nova York.
A seleção de artistas e obras da mostra foi feita em conjunto com os curadores-associados André Severo e Tobi Maier e a curadora-assistente Isabela Villanueva. Questões como multiplicidade, recorrência e mutabilidade das poéticas, aspectos fortemente presentes no mundo contemporâneo, estão privilegiados nesta edição.
"Fizemos uma mostra como poucas na história da Bienal. Ela propõe uma temática nova de debate, um discurso novo", analisa o presidente da Fundação Bienal de São Paulo, o empresário Heitor Martins, à frente da diretoria da instituição desde 2009. Segundo ele, a 30.ª edição foi realizada com um orçamento "20% menor" que o da edição anterior. "Concluímos toda a captação de recursos, de R$ 22,4 milhões, antes da abertura da mostra."
Nos primeiros meses do ano, a Fundação Bienal passou por momento de insegurança quanto à realização desta edição do evento. Em janeiro, a entidade teve suas contas bloqueadas por questionamentos da Controladoria-Geral da União (CGU) sobre convênios firmados pela Bienal entre 1999 e 2007. Uma liminar concedida em março pelo Tribunal Regional Federal (TRF) de São Paulo possibilitou que a instituição tivesse seus recursos desbloqueados e pudesse fazer a captação orçamentária para a 30.ª edição. "Vejo o futuro com otimismo. Paradoxalmente, a crise fortaleceu o diálogo com o Ministério da Cultura e estamos buscando caminhos para analisar as contas do passado e buscar soluções concretas", diz Heitor Martins.
Nesta edição, além de um mapa do pavilhão da Bienal e informações sobre outros espaços que dialogam com a mostra, textos analisam as diversas facetas do evento. A partir de conversa com Oramas, Antonio Gonçalves Filho apresenta as ideias que guiaram suas escolhas. A crítica Maria Hirszman trata da estrutura da exposição. Simonetta Persichetti aborda a presença da fotografia. Já o crítico Rodrigo Naves investiga as relações entre arte e loucura por meio da obra de Artur Bispo do Rosário, um dos homenageados deste ano. E Teixeira Coelho, curador do Masp, traça um panorama histórico das 29 edições anteriores do evento e discute seus desafios futuros.