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agosto 17, 2012
Menos romantismo, mais mercado por Adriana Martins, Diario do Nordeste
Menos romantismo, mais mercado
Matéria de Adriana Martins originalmente publicada no Caderno 3 do Diário do Nordeste em 17 de agosto de 2012.
A gestora cultural Ana Letícia Fialho realiza hoje palestra e workshop sobre negócios da arte
Como parte do Programa Negócios da Cultura, iniciado em abril passado e mantido pelo Banco do Nordeste em parceria com o Sebrae, será realizado hoje, no Centro Cultural Banco do Nordeste-Fortaleza, workshop e palestras gratuitos com o tema "Negócios da arte contemporânea", ministrados pela advogada, gestora cultural e pesquisadora Ana Letícia Fialho.
Fachada do Centro Cultural Banco do Nordeste, onde acontece palestra e workshop sobre o mercado de arte contemporânea Foto: Geórgia Santiago (12/04/2012)
O evento chega à Capital depois de passar pelo CCBNB-Cariri (em Juazeiro do Norte), no dia 14, e CCBNB-Sousa (na Paraíba), no dia 15. Em Fortaleza, para participar é necessário inscrição prévia na recepção do Centro Cultural ou pelo e-mail cultura@bnb.gov.br. O Programa Negócios da Cultura é voltado à capacitação gerencial e empreendedora.
O workshop discutirá temas atuais sobre o mercado de arte; as oportunidades de inserção dos artistas visuais no mercado nacional e internacional; e interações das artes visuais com outras áreas. Por sua vez, a palestra abordará a economia da arte contemporânea, as oportunidades laborais e negociais no mundo das artes. Podem participar artistas visuais de diversas linguagens, incluindo xilogravuristas, fotógrafos, galeristas, produtores da área, professores e alunos de cursos e artes plásticas e artes visuais, entre outros.
Segundo Fialho, o evento pretende apontar caminhos para se aproveitar o bom momento pelo qual passa o mercado de arte no Brasil. "Especificamente no âmbito da arte contemporânea, o volume dos negócios tem crescido no eixo Rio-São Paulo. Paralelamente, a produção nacional tem alcançado reconhecimento internacional. Isso tem gerado oportunidades não somente para artistas, mas para toda a cadeia produtiva", ressalta a gestora.
Assim, na palestra e no workshop, a discussão vai girar em torno das estratégias possíveis para aproveitar esse cenário favorável, bem como das maneiras de pensar oportunidades e desafios no setor.
"É preciso pensar em novos modelos de negócios para a arte contemporânea, uma linguagem sem fronteiras. Assim como existem obras efêmeras, existem outras que utilizam suportes tradicionais, como a pintura ou a fotografia. Em muitos casos, as técnicas se misturam", explica Fialho.
"Não havendo limites, é preciso pensar como criar produtos que possam ser comercializados ou estabelecer novos tipos de negociações, principalmente para que o artista possa viver do seu trabalho", frisa a pesquisadora. "Por exemplo, no caso das intervenções ou da arte urbana, uma prefeitura pode financiar artistas ou coletivos para realizarem trabalhos na cidade", complementa Fialho.
Currículo
Ana Letícia Fialho é advogada, gestora cultural e pesquisadora, sócia-fundadora da FiSch Consultoria em Artes, especializada em consultoria, desenvolvimento e gestão de projetos culturais.
Com mais de dez anos de experiência no setor, atuou junto a organizações como Cinema do Brasil, Fórum Permanente, Ministério da Cultura, Senac, Sebrae, entre outros. Atualmente, é consultora em inteligência comercial e coordenadora de pesquisa do Projeto Setorial Integrado de Arte Contemporânea Abact-Apex-Brasil. É doutora em Sociologia da Arte pela École des Hautes Etudes em Sciences Sociales/Paris e professora da pós-graduação em Economia da Cultura da UFRGS.
Estratégia
O Negócios da Cultura constitui, na verdade, um programa de linha de crédito do Banco do Nordeste para iniciativas no campo das artes. Sua criação foi motivada pela necessidade de incentivar o mercado nesse setor, em diferentes linguagens, como música, audiovisual e teatro.
Segundo o CCBNB-Fortaleza, cada linguagem será abordada de maneira individual ao longo do programa. Em abril, por exemplo, foi a vez da música. O formato foi o mesmo, com workshop e palestra, que aconteceram na Capital e reuniram músicos, produtores e associações. Agora, as artes visuais serão contempladas, no âmbito da produção contemporânea. Mais para frente, será a vez das artes cênicas.