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agosto 17, 2012
Fogo destrói parte de coleção de arte moderna no Rio por Fabio Brisolla, Marco Aurélio Canônico, Silas Martí, Folha de S. Paulo
Fogo destrói parte de coleção de arte moderna no Rio
Matéria de Fabio Brisolla, Marco Aurélio Canônico, Silas Martí originalmente publicada na Ilustrada do jornal Folha de S. Paulo em 15 de agosto de 2012.
Uma das mais importantes coleções particulares de arte abrigadas no país, que incluía obras como o quadro "Samba" (1925), de Emiliano Di Cavalcanti, foi parcialmente destruída na segunda (13) em um incêndio que atingiu a cobertura duplex do marchand e colecionador Jean Boghici, em Copacabana, no Rio.
"Queimou. Tudo bem. Muita coisa se salvou. Outras coisas se queimaram, o que eu posso fazer?", lamentou Boghici ontem, ao deixar o apartamento após vistoria. Ele tentara entrar no imóvel em chamas na segunda à noite, mas foi impedido pelos bombeiros. "Foi uma fatalidade."
"É uma tragédia gigantesca para a cultura brasileira. Era uma das melhores e mais representativas coleções da primeira metade do século 20", disse Washington Fajardo, secretário de Patrimônio do Rio e um dos primeiros a entrar no local após o fogo.
"Estava tudo muito escuro. Eu vi o 'Samba', do Di Cavalcanti, completamente destruído. Consegui ver um 'Bicho' [escultura], da Lygia Clark, no chão", disse Fajardo.
Especialistas ouvidos pela Folha estimaram as perdas em pelo menos R$ 60 milhões. Além da obra de Di Cavalcanti, com valor calculado em R$ 50 milhões, outras peças importantes queimadas foram um quadro de Vicente do Rêgo Monteiro dos anos 1920, um de Joaquín Torres-García, de 1931, e dois de Alberto da Veiga Guignard.
"Do Di Cavalcanti, sobraram só os pés das figuras. O Torres-García torrou inteiro, o Morandi também", disse um amigo de Boghici, que esteve no apartamento na terça.
O colecionador tem ainda obras de Tarsila do Amaral --"O Sono" (1928) e "Sol Poente" (1929)-- que foram salvas, assim como uma escultura de Victor Brecheret e móbiles de Alexander Calder.
As causas do incêndio ainda estão sendo apuradas, mas a suspeita é de que o fogo tenha sido causado por um curto-circuito no ar-condicionado.