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julho 30, 2012
Sem acordo no prédio da Bhering, O Globo
Sem acordo no prédio da Bhering
Matéria originalmente publicada no jornal O Globo em 30 de julho de 2012.
Comprador do edifício ocupado por artistas diz que não vai negociar e exige desocupação
RIO - Não há chance de negociar. O empresário Marcelo Rodrigues, um dos sócios da Syn-Brasil Empreendimentos Imobiliários, que comprou em leilão o prédio da antiga fábrica Bhering, no Santo Cristo, disse ao GLOBO que não aceitará a permanência dos artistas no edifício, ocupado por mais de 50 ateliês e cerca de 20 empresas há 12 anos. Segundo ele, a intenção é criar ali um “centro cultural, com teatro, restaurante e cervejaria”. Sua família é dona de uma fábrica de cerveja em Teresópolis.
— A vocação do prédio é cultural. Vamos explorar uma parte comercialmente, com a cervejaria, e vamos dar espaço a artesãos. Mas eles serão selecionados por nós — afirma.
Atualmente, os artistas que mantêm ateliês no prédio e algumas das empresas lá instaladas organizam mostras, shows e lançamentos de livros. Todos terão 30 dias para deixar o prédio, por determinação da Justiça. O edifício, leiloado para sanar dívidas tributárias dos donos, acabou arrematado por R$ 3,2 milhões pela Syn-Brasil.
A Bhering tenta impugnar o leilão desde o ano passado, mas, segundo Rodrigues, não há mais possibilidade de recorrer da decisão judicial. A Bhering reclama que o valor da venda é abaixo do de mercado. O empresário se defende afirmando que não houve outra empresa interessada na compra, daí o valor abaixo do estimado (segundo a Bhering, de R$ 32 milhões).
De acordo com Rodrigues, quando a reforma for feita, artesãos serão aceitos, mas pagando aluguéis reajustados para as “novas condições”. do prédio.
— Meu interesse é gerar dinheiro, sou um empresário — argumenta Rodrigues.