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julho 2, 2012
Três vezes secretário por Pedro Rocha, O Povo
Três vezes secretário
Matéria de Pedro Rocha originalmente publicada no caderno Vida & Arte do jornal O Povo em 2 de julho de 2012.
Cogitado para reassumir hoje a Secretaria da Cultura, o deputado estadual Professor Pinheiro deve ser recebido na porta por protestos de artistas
A semana promete ser movimentada para a gestão da Cultura no Ceará. Depois de sua segunda saída temporária, o deputado estadual Professor Pinheiro (PT) pode assumir pela terceira vez em um ano e meio a Secretaria da Cultura do Estado (Secult), agora em meio a uma série de protestos da classe artística.
A vigília que teve início na última quarta-feira, na qual vários artistas vararam a noite na Praça do Ferreira, em frente à atual sede da Secult – que se mudou do Palácio da Abolição para o prédio do Cine São Luís –, está prevista para acabar hoje pela manhã, quando os manifestantes pretendem recepcionar Francisco Pinheiro e protocolar o manifesto do movimento.
O documento, que contabiliza mais de 1.200 assinaturas no abaixo-assinado disponível na Internet, critica “o evidente descaso dado à Cultura pela atual gestão do Governo do Estado do Ceará, sob a administração de Cid Gomes”. Para eles, a Secult “tem sido usada para negociatas político-partidárias, ao invés de cumprir sua função como agenciador, catalisadora e propulsora de ações que fortaleçam, desenvolvam e instiguem políticas públicas de cultura no Ceará”.
No texto, os artistas reclamam também da “delegação de cargos e responsabilidades, em toda a hierarquia relativa à gestão da Pasta da Cultura, a gestores/interlocutores que, em sua maioria, desconhecem as problemáticas e contextos artísticos, não tendo histórico que os habilite a ocupar as funções que lhe são delegadas”.
Apesar de ser criticado pelo aparelhamento da Secult com a nomeação de pessoas sem experiência na área para cargos de primeiro escalão, Pinheiro não está no centro das reivindicações. A principal questão apontada pelos documentos e por integrantes do movimento é a gestão centralizadora do governador, que precisa aprovar qualquer projeto antes da liberação dos recursos pela secretaria.
“Tem parte do movimento que não quer que ele (Pinheiro) volte por causa desse vai-e-vem, que pra gente significa uma falta de compromisso com a secretaria. Mas a gente nem quer levantar essa questão agora, o que a gente quer mesmo é mudar o quadro em que a secretaria se encontra”, explica a coreógrafa Sílvia Moura, integrante do Fórum de Dança e uma das líderes do movimento.
Movimento
Desde a manhã de quinta-feira, com o protesto que reuniu cerca de 100 pessoas na Praça do Ferreira, a gestão estadual da cultura passa por uma série de protestos.
Na tarde de quinta ainda, durante audiência pública na Assembleia Legislativa convocada pelo próprio deputado Professor Pinheiro para discutir a “Lei do Mecenato” – forma de financiamento de projeto culturais através de renúncia fiscal –, os artistas intervieram no debate e leram o seu manifesto. O que aconteceu também à noite, em evento no Theatro José de Alencar que contou novamente com a presença de Pinheiro.
Maninha Morais, secretária-adjunta e titular interina da pasta, disse que tinha interesse em ler o documento e pediu aos manifestantes que o encaminhassem à secretaria.
Um dia depois, na sexta, foi a vez da hashtag #deCIDapela cultura chegar ao topo dos trendtopics do Ceará no Twiter. A mobilização ganhou também o Facebook, onde artistas cearenses em várias cidades do Brasil e do mundo publicaram fotos segurando cartazes em solidariedade ao movimento.
“A nossa principal meta é uma audiência com o governador. A nossa questão é um modelo de gestão da secretaria, principalmente a centralização dos projetos que acontecem, os prazos vão sendo estourados e um quadro técnico que não tem o conhecimento específico do campo cultura”, afirma o ator Gyl Giffony.
Abaixo assinado: Carta de Repúdio ao descaso do Governo do Estado do Ceará com a Cultura