|
junho 27, 2012
No Centro das outras riquezas por Pedro Rocha, O Povo
No Centro das outras riquezas
Matéria de Pedro Rocha originalmente publicada no caderno Cultura no jornal O Povo em 24 de junho de 2012
A ação do BNB vai além do ambiente econômico e não diz respeito apenas ao interesse político. O forte apoio à cultura regional obriga também o meio a esperar uma solução para a crise
Em 2012, o Banco do Nordeste tem um orçamento previsto de R$ 1,84 milhão para investimentos na área cultural, dinheiro reservado apenas à produção de atividades, sem contar a folha de pagamento e os custos com a manutenção de seus três centros culturais: Juazeiro do Norte, Sousa, na Paraíba, e Fortaleza. Este último, inaugurado em 1998, foi o primeiro do gênero e se transformou ao longo de seus 14 anos de existência em uma das referências da programação cultural na cidade.
Instalado em um prédio de três andares no Centro de Fortaleza, o Centro Cultural Banco do Nordeste é um espaço acolhedor. Desavisados que passam por ali podem se surpreender, mas ao longo dos 14 anos de existência, o CCBNB criou um público próprio, afeito às aberturas de exposições, shows musicais, espetáculos de teatro, entre outros projetos.
As atividades do Centro vão desde clubes de leitura, oficinas de iniciação artística e programas infantis, até espetáculos teatrais e festivais de música. As apresentações musicais em horários vespertinos e no início da noite, assim como as peças teatrais, tornaram-se uma das marcas inconfundíveis do espaço, que atrai plateias distintas.
“Você não vê o garoto do colégio num show à noite na Praia de Iracema, nos clubes, na ruazinha do Maria Bonita. Mas você vê o cara no Banco do Nordeste, uma pivetada de 13, 14, 15 anos, na idade em que você começa a ouvir, trocar material no colégio com os colegas.”, comenta Amaudson Ximenes, músico e presidente da Associação Cearense do Rock (ACR).
Testemunho
Em parceria com o CCBNB, a ACR produz há seis anos o Festival Rock-Cordel, que reúne anualmente bandas do estilo de Fortaleza, região metropolitana e algumas cidades do interior do estado. O festival, que realizou sua 6ª edição no começo do ano, se transformou em um programa do Centro Cultural, com shows o ano todo.
“A maior contribuição (do programa) é a difusão dos trabalhos, principalmente na capital. O próprio festival tem revelado muita gente, mostrando o trabalho de várias bandas. É uma oportunidade que não existia antes”, conta Amaudson.
Outro projeto consolidado na programação, fruto da parceria entre o Centro Cultural e a ONG Mediação de Saberes, é o Percursos Urbanos. Todos os sábados à tarde um ônibus com os inscritos perfaz roteiros diferentes, apresentando lugares e histórias insuspeitas para boa parte dos fortalezenses.
“Num contexto de poucos investimentos para a cultura pelos governos estadual, municipal e federal, o CCBNB tem desempenhado ao longo dos anos um papel essencial na gestão e difusão cultural regional”, opina Júlio Lira, idealizador e um dos responsáveis pelo Percursos Urbanos, que hoje já acontece também no Centro Cultural do Cariri.
NÚMEROS
14
anos, é o tempo de existência do Centro Cultural de Fortaleza
2
Centros semelhantes funcionam hoje no Cariri e em Souza (PB)