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junho 11, 2012
Sintonia tecnológica por Nina Gazire, Istoé
Sintonia tecnológica
Matéria de Nina Gazire originalmente publicada na seção de artes visuais da Istoé em 7 de junho de 2012.
Em sua última edição, a Bienal de Arte e Tecnologia Emoção Art.ficial, do Itaú Cultural, mostra excelência da produção brasileira no gênero
Foram dez anos dedicados a mostrar ao público brasileiro pesquisas de ponta em robótica, inteligência artificial e cibernética – e o que isso tudo tinha a ver com arte. Em sua sexta – e última – edição, a Bienal de Arte e Tecnologia Emoção Art.ficial encerra um ciclo. Os campos da arte e da tecnologia, que iniciaram o século XXI de mãos dadas, se afirmando e ganhando terreno em importantes eventos como este promovido pelo Itaú Cultural, hoje formam um corpo só – e um corpo já não tão estranho ao mundo da arte contemporânea.
É a partir dessa premissa que o Itaú Cultural encerra seu ciclo de bienais de arte e tecnologia. “Queremos dar o próximo passo. Todas as obras que estão aqui poderiam perfeitamente estar em uma exposição de arte contemporânea, e não apresentadas como um gênero separado”, explica Marcos Cuzziol, gerente do Itaulab, laboratório de mídias interativas do Instituto Itaú Cultural e um dos responsáveis pelo projeto desde seu início.
Nas dez obras apresentadas nesta sexta edição, dividem-se os trabalhos que explicitam o uso da robótica e da inteligência artificial – nos quais o objetivo é evidenciar os processos subjetivos da máquina – e aqueles que fazem uso de mídias interativas como plataformas para evidenciar problemas conceituais. Nesse âmbito, os destaques são veteranos da arte e tecnologia brasileira, que foram selecionados via edital e desenvolveram seus trabalhos especialmente para a mostra, como Silvia Laurentiz, Martha Gabriel, Giselle Beiguelman, Fernando Velázquez, Leonardo Crescenti e Rejane Cantoni.
“Chama a atenção quanto a produção de artistas brasileiros é consistente. De alguma maneira, temos uma estética que se diferencia sem necessariamente estar atrelada a identidades nacionais, mas que está em sintonia com o cenário globalizado”, observa Giselle Beiguelman, que participou da primeira edição do Emoção Art.ficial, em 2002, e está presente agora com a obra “Você Não Está Aqui”, realizada em parceria com Fernando Velázquez. Na videoinstalação, telas dispostas em 360 graus recebem projeções de imagens que são retiradas aleatoriamente de um banco de dados. São imagens de cidades que, a partir do uso dos visitantes, podem criar lugares imaginários.
O fator da proliferação maquínica perpetrado por celulares é o centro do trabalho “Fala”, de Leonardo Crescenti e Rejane Cantoni. Na instalação, um “coro” de 40 celulares capta, por meio de um microfone, as vozes do ambiente da mostra repetindo palavras isoladas. Em “iFlux”, Silvia Laurentiz e Martha Gabriel conectam um ser artificial que reage ao fluxo de informações do edifício do Itaú Cultural.
Você que se interessa pelo futuro, não fique triste com o encerramento do Emoção Art.ficial. Marcos Cuzziol já trabalha em um novo projeto de curadoria que integra os campos da “arte e tecnologia” e da “arte contemporânea”, previsto para ocupar o Itaú Cultural no ano 2013. Nina Gazire