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Como atiçar a brasa

 


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junho 4, 2012

Como transformar cópias em originais por Paula Alzugaray, Istoé

Como transformar cópias em originais

Matéria de Paula Alzugaray originalmente publicada na seção de artes visuais da Istoé em 1 de junho de 2012.

Sem ser falsificador profissional, Gustavo von Ha vende desenhos copiados de Leonilson e de Tarsila do Amaral e discute sistema de direitos autorais

Gustavo Von Ha - T.L. /Galeria Leme, SP/ até 13/6

Para copiar os 23 desenhos de Tarsila do Amaral (1888-1973) e os 16 de Leonilson (1957-1993) que estão atualmente expostos na Galeria Leme, em São Paulo, o artista paulista Gustavo von Ha passou meses estudando os gestos, as técnicas e os traços de cada artista. “Fazendo esse trabalho, me senti um ator. Para chegar à intensidade empreendida pelos lápis de cada um deles, tive que forjar uma simulação até mesmo em minha postura corporal”, afirma Von Ha à Istoé. A exposição denominada “T.L.” – as iniciais de Tarsila e Leonilson, que algumas vezes assinavam só com letras – é o resultado de uma pesquisa do artista sobre sistemas de reprodução de imagem e da arte na atualidade.

Mas os desenhos resultantes dessa pesquisa são muito mais do que cópias. De fato, seriam apenas cópias, não fosse por um pequeno detalhe: o artista aplicou-lhes um efeito de espelho e assim as reproduções aparecem em posição invertida em relação aos originais. A partir desse gesto simples de inversão, Von Ha garante sua autoria sobre as imagens e balança um sistema de convicções sobre o estatuto da cópia e da autoria – e, de quebra, da verdade e da mentira, da ficção e da realidade. Com isso, entra em sintonia com uma discussão que já data quase 100 anos – começou com Walter Benjamin e Roland Barthes em meados do século 20 – e hoje explodiu com as mídias digitais.

“O mundo da lei é muito restrito. Autores como Roland Barthes nos falam que uma mesma obra, por mais original que seja, nunca é fruto de uma autoria única. Ela sempre traz outras referências. As leis de direitos autorais, constituídas no ápice do Iluminismo, pensam o autor como um sujeito estanque, com direito a proteção a sua propriedade e por isso são menos dinâmicas”, afirmou Luciana Rangel, advogada especialista em direitos autorais, convidada a debater com von Ha, no sábado 26, as mudanças que o conceito de originalidade vem sofrendo em tempos de reprodução digital.

Posted by Cecília Bedê at 3:06 PM | Comentários(3)
Comments

Leonilson morreu em 1993.

Posted by: Yuri at junho 7, 2012 4:40 PM

O melhor ensaio sobre o tema de autoria X copia continua sendo de longe o filme "Verdades e Mentiras" de Welles. O próprio filme em si já deixa a dúvida se o que mostra é falso ou verdadeiro.
Antes do debate de obras espelhadas, é um ótimo "dever de casa".

Posted by: Quim Alcantara - artista plástico at junho 7, 2012 11:40 PM

Obrigada pelo aviso. Já corrigimos no blog e no e-nforme antigo.

Posted by: Patricia at junho 18, 2012 12:48 AM
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