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maio 8, 2012
Obra de Letícia Parente é debatida em ciclo de conferências por Adriana Martins, Diário do Nordeste
Obra de Letícia Parente é debatida em ciclo de conferências
Matéria de Adriana Martins originalmente publicada no Caderno 3 do jornal Diário do Nordeste em 8 de maio de 2012.
Embora não esteja entre nós há mais de 20 anos, a videoartista Letícia Parente nunca se ausentou completamente do universo das artes visuais no País - especialmente no âmbito da produção contemporânea -, por meio do legado que deixou, em uma atuação pioneira na área. Obras como o emblemático vídeo "Made in Brazil", na qual a artista costura a frase na sola do pé, permanecem até hoje como referenciais para realizadores, artistas e pesquisadores.
Com o objetivo de discutir e ampliar o alcance desse trabalho, o Centro Cultural Banco do Nordeste-Fortaleza promove, hoje e amanhã, de 14 horas às 21 horas, o Ciclo de Conferências: a imagem-pensamento de Letícia Parente. O evento vai abranger quatro conferências sobre a obra e a vida da videoartista, com a participação de críticos, curadores e artistas de renome internacional - entre eles Françoise Parfait (França), professora de Arte e Novas Mídias na Université de Paris I. Colaboram ainda Fernando Cocchiarale (RJ); Alexandre Veras (CE); e Marisa Flórido (RJ). Os mediadores das palestras são: Beatriz Furtado (CE), Yuri Firmeza (CE), Solon Ribeiro (CE) e André Parente (MG), filho de Letícia - estes três últimos, também responsáveis pela curadoria do Ciclo. De maneira mais específica, o ciclo pretende tratar da obra da artista Letícia Parente e suas relações com o surgimento do vídeo e a experimentação desta linguagem por parte dos artistas na década de 1960 e 70, sobretudo no Brasil.
Em sua fala, o professor e crítico Fernando Cocchiarale pretende trazer um pouco sobre o trabalho de Parente a partir de um grupo do qual ela fazia parte nos anos 1970. "Não era oficial, mas alguns amigos e artistas reunidos em torno do tema", explica o palestrante, que também integrava o grupo.
"Conheci Letícia em 1973, era muito amigo dela, da família, do André Parente. Vai ser uma fala também afetiva. Ela foi pioneira, fez as primeiras experiências no campo da videoarte", complementa Cocchiarale.
Para o crítico, a obra de Letícia permanece atual e importante de várias maneiras. "Sobretudo os seus vídeos discutem um assunto hoje bastante pesquisado: a questão de gênero. Muitos dos seus trabalhos são claramente feitos do ponto de vista da mulher, em uma crítica à condição feminina na época, quando o País vivia uma ditadura militar", ressalta Cocchiarale. "Por exemplo, ela abordava tarefas domésticas, maquiava-se ou se pendurava como uma roupa no armário", recorda.
O crítico cita ainda o vídeo "Made in Brazil", segundo ele, "uma obra histórica, não no sentido de pertencer ao passado, mas à trajetória da arte brasileira", reconhece.
A opinião é compartilhada pela crítica de arte Marisa Florêncio, que ministra palestra amanhã. "Vou levar uma reflexão sobre os vídeos da Letícia, sobre seu pioneirismo na videoarte, sobre a relação entre corpo e discurso, e de seu trabalho com as mídias de massa, a TV, o cinema e a fotografia".
Mais informações
"A imagem-pensamento de Letícia Parente" - hoje e amanhã, das 14 às 21 horas, no CCBNB (R. Floriano Peixoto, 941, Centro). Gratuito. Contato: (85) 3464.3108