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Como atiçar a brasa

 


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abril 17, 2012

O salão é da cidade por Júlia Lopes, O Povo

O salão é da cidade

Matéria de Júlia Lopes originalmente publicada no caderno Vida e Arte do jornal O Povo em 17 de abril de 2012.

Para não cair no engessamento que a tradição pode ocasionar, principalmente aqui, sob os matizes da arte contemporânea, o Salão de Abril atua em mais frentes e se espalha pela cidade. Cada vez mais aos anos que passam. Agora, em sua 63º edição, a se iniciar a partir de hoje, com lançamento marcado para as 19 horas, o salão traz mostra paralela, seminários e conversas em outros espaços pela cidade. Toda a movimentação acontece durante o mês – e a exposição segue até dia 30. Este 2012 homenageia Heloisa Juaçaba, com uma exposição das obras da artista na Galeria Antônio Bandeira.

Dos trabalhos: foram selecionados 30 a partir do tema A cidade e suas desconexões antrópicas – ainda que o tema não tenha sido elemento delimitador da escolha dos selecionados. Os artistas vêm de oito estados diferentes, o que também não quer dizer muito – mas a potência deles, sim. “O que interessa no salão é muito mais colocar em xeque o que está sendo hegemônico”, colocou Silas de Paula, professor da UFC e um dos curadores que participaram da seleção deste ano, ao lado de Eduardo Frota e Marcelo Campos.

Para ele, chamou atenção como a pintura foi fortemente apresentada pelos candidatos, aparecendo em inúmeras inscrições. E nas propostas que usavam elementos da linguagem da pintura em outros suportes: “Uma relação que você vai ter com a fotografia muito forte com a pictografia”, pontuou. Algo, aliás, ainda mais interessante tendo em vista a natureza do formato: “Salão é diferente de exposição”, atenta Silas. No salão, tem-se espaço maior para a experimentação – um artista consagrado, ele exemplifica, não cabe ali.

Assim, a seleção deixou de exigir uma obra inédita, segundo Maíra Ortins, coordenadora de Artes Visuais da Secretaria de Cultura de Fortaleza (Secultfor), responsável pelo Salão de Abril. “Sempre em seleção de evento de artes visuais, o que norteia é o olhar sobre toda a obra, a pesquisa que o artista já faz”. Para ela, vale aquela máxima que prefere um cuidado maior com artistas cearenses, nordestinos, historicamente preteridos.

“Como o salão é no Nordeste, e nós sabemos de toda a nossa carência, tanto de galeria, tanto de salões, de movimentos, nós temos um cuidado de ver com mais carinho o trabalho que vem do Norte, Nordeste”. Cada artista recebe um pró-labore de R$ 2,5 mil e dois serão escolhidos para receber uma bolsa de R$ 12 mil – a previsão de pagamento “é no dia da abertura ou na mesma semana”, segundo Maíra.

Da programação: enquanto a exposição fica concentrada na Galeria Antonio Bandeira, dentro do Espaço de Referência do Professor, algumas intervenções acontecem em ruas do Centro, no Passeio Público, no calçadão da Praia de Iracema, no Espaço Cultural dos Correios e no Atelier CasaIntervenção. O Espaço Cultural dos Correios também recebe o seminário A Cidade e suas Desconexões Antrópicas, no dia 23 de abril.

Nos dias seguintes, o seminário acontece na Vila das Artes. Dia 24 se discute o projeto do Salão de Abril, com Silas de Paula e Eduardo Frota; no dia 25, sobre o projeto de intercâmbio Lastro, com Beatriz Lemos (RJ), e da artista espanhola Maribel Longueiro, falando sobre sua exposição Gente en El Medio. Dia 26, Silas volta à mesa, falando sobre a arte produzida na América Latina, ao lado do artista Felix Bentz, de Barcelona (Espanha), abordando seu trabalho como curador entre Espanha e Estados Unidos.

Para o dia seguinte, a última atividade do seminário, o Dança no Andar de Cima também recebe Beatriz, Felix e Maribel, a partir das 19 horas, misturando falas sobre a atual configuração do mundo da arte e leitura de portfólio. Na reta final das atividades, Maribel e Claudia Sampaio vão até a CasaIintervenção dia 27, numa tarde no mesmo tom da noite anterior.

Quem

ENTENDA A NOTÍCIA

Hoje ela é dona Heloisa Juaçaba – pela trajetória e dedicação a arte plásticas desde os anos 50. Nasceu em Guaramiranga, em 1926, e já em Fortaleza fez parte da Sociedade Cearense de Artes Plásticas (Scap). Tem trabalhos de pintura, escultura, tapeçaria, desenho e gravura.

SERVIÇO

63° Salão de Abril

Abertura: Hoje, às 19h30, com visitação pública gratuita até o dia 30 de abril

Onde: na Galeria Antonio Bandeira, localizada no Centro de Referência do Professor (Rua Conde D‘Eu, 560 – Centro). E ainda no Dança no Andar de Cima (Rua Desembargador Leite Albuquerque, 1523A - Aldeota) e Atelier CasaIntervenção (Rua Oliveira Viana, 158 - Vicente Pizón)

Posted by Cecília Bedê at 1:28 PM