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abril 2, 2012
Arquiteturas improváveis por Nina Gazire, Istoé
Arquiteturas improváveis
Matéria de Nina Gazire originalmente publicada na seção de Artes Visuais da Revista Istoé em 30 de março de 2012.
ANA HOLCK- ENSAIOS NÃO DESTRUTIVOS/Galeria Anita Schwartz, RJ/ até 12/5
Formada em arquitetura, mas atuante como artista plástica, Ana Holck transforma estruturas da construção civil e da paisagem urbanística em esculturas e instalações. Sua mais nova série de trabalhos denominada “Ensaios não Destrutivos” faz parte de sua pesquisa recente com acrílico e concreto pré-moldado. O diferencial dessa nova exposição está na grande dimensão das esculturas, que chegam a até três metros de altura. “Meu trabalho tem uma ligação muito forte com a arquitetura, me aproprio de elementos da calçada e do urbanismo que, de certa forma, procedem da tradição duchampiana da apropriação de elementos prontos do cotidiano”, explica Ana Holck, referindo-se aos readymades de Marcel Duchamp.
Entre esses elementos destacam-se dois instrumentos empregados na construção civil, que aqui são reconfigurados: o prumo de nível e o corpo de prova. O prumo de nível, também conhecido como pêndulo de pedreiro, é usado para verificar a verticalidade de uma parede. Já o corpo de prova serve para testar a resistência do concreto. As ferramentas se converteram na série “Passarelas-Pêndulos”, que constituem a principal metáfora para a ideia de indestrutibilidade das formas abstratas, proposta pela escultora. “Fiz os pêndulos usando os corpos de prova. O nome “Ensaios não Destrutivos” tem a ver com essa ferramenta, que testa a resistência do concreto, mas ganha uma nova função dentro da proposta escultural”, diz a artista.
A exposição traz nove trabalhos inéditos. Algumas obras são pré-moldadas em concreto e privilegiam a forma hexagonal, com a qual a artista vem trabalhando desde 2010 e que são tão comuns em lajotas usadas para pavimentar ruas. Este é o caso de uma série de esculturas que partem do concreto, formando arcos ou torres. A artista também trabalha essa mesma estrutura em esculturas feitas especialmente para o chão, nas quais o acrílico é articulável e modificável. Na ocasião da abertura, Ana Holck também lançou um catálogo com fotos das obras e textos da crítica Lígia Canongia.