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abril 2, 2012
O desenho como ideia por Paula Alzugaray, Istoé
O desenho como ideia
Matéria de Paula Alzugaray originalmente publicada na seção de Artes Visuais da Revista Istoé em 30 de março de 2012.
Em sua primeira individual no Brasil, o colombiano Nicolás Paris propõe exercícios para "aprender a ler desenhos"
DESAPRENDER – NICOLÁS PARIS/ Galeria Luisa Strina, SP/ até 28/4
Antes de se tornar artista, o colombiano Nicolás Paris formou-se em arquitetura e trabalhou como professor de escola primária, no município de Macarena, na Colômbia. Foi como professor multidisciplinar, dando aulas de física, química e matemática, que Paris descobriu o desenho como uma ferramenta transversal a todas as matérias. Assim, fez do desenho um método de ensino. Hoje, na condição de artista promissor da nova geração – com apresentações recentes na Trienal do New Museum, em Nova York, e na 54ª Bienal de Veneza, em 2011 –, Paris continua utilizando o desenho como método. Agora, porém, não mais um método envolvido em um projeto de educação formal, mas como ferramenta para construir diálogos no âmbito da arte. “Uso o desenho como sistema de pensamento, mais que como técnica”, afirma Paris. “Minha responsabilidade como artista é produzir conhecimento.
E conhecimento se produz entre duas pessoas ou mais. A arte é então um corredor para construir esses processos de diálogo e comunicação”, diz ele.
Em sua primeira individual no Brasil, na galeria Luisa Strina, Nicolás Paris deixa transparecer o talento interdisciplinar e cognitivo de seu desenho. Em papéis, em pequenas esculturas e em uma instalação que conecta todo o edifício da galeria, há remissões à química, à arquitetura, à poesia. Entre os trabalhos figuram também “exercícios de desenho”.
“Me interessa aprender a ler desenhos”, diz. Esse aprendizado, no entanto, não é didático. Um exercício pode estar mimetizado na forma de um poema, por exemplo. Por isso, o título da exposição, “Desaprender”. Afinal, para se assimilar o novo é preciso se desvencilhar de velhos hábitos.
Nicolás Paris esteve no Brasil para a 7ª Bienal do Mercosul, em 2009, quando construiu um arquivo de exercícios de desenho para escolas públicas de Porto Alegre. O artista voltará em agosto para a 30ª Bienal de São Paulo.