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março 26, 2012
Coletivo multimídia Chelpa Ferro lança disco, O Globo
Coletivo multimídia Chelpa Ferro lança disco
Matéria originalmente publicada no caderno de Cultura do O Globo em 26 de março de 2012.
Trio formado por artistas plásticos e editor de vídeo fará performances na Europa
RIO - Eles misturam sons inusitados com materiais e apetrechos diversos para criar instalações potentes em vários decibéis. O coletivo multimídia Chelpa Ferro, formado pelos artistas plásticos Barrão e Luiz Zerbini e pelo editor de vídeo Sérgio Mekler, o Serginho, vem fazendo barulho há mais de uma década somando apresentações e exposições mundo afora. Em 2012, o trio prepara o terceiro disco — na verdade, um LP — e faz as malas para performances em Portugal e na Polônia.
Para "Chelpa Ferro 3", que será lançado no mês que vem, o grupo convidou sete músicos para tocar e interagir com cinco instalações sonoras do repertório do Chelpa: o baterista francês radicado no Brasil Stephane San Juan se uniu à obra "Acusma" (2008); Jaques Morelenbaum, ao trabalho "Microfônico" (2009); Arto Lindsay e Pedro Sá, à instalação "Máquina de samba" (2008); Kassin e Berna Ceppas, ao "Jungle jam" (2006); e o produtor musical Chico Neves — antigo integrante do coletivo — se juntou ao trabalho "On off poltergeist" (2007).
O vinil-objeto terá apenas 250 cópias, e cada capa será feita à mão, uma a uma, por Barrão, Zerbini e Serginho. Ele deverá ser vendido apenas na galeria Múl.ti.plo, no Leblon. O lançamento vai acontecer no dia 24 de abril, com show de Stephane San Juan no Espaço Tom Jobim, no Jardim Botânico.
Depois disso, em junho, o trio faz seu primeiro show no Circo Voador (ainda sem data definida) e logo ruma para Lisboa, onde estão agendadas uma apresentação e uma exposição no espaço Carpe Diem, idealizado pelo curador brasileiro Paulo Reis, morto no ano passado. Em terras lusitanas, o Chelpa vai exibir uma nova instalação, chamada "Craca", que ainda está em fase de criação, mas que vai contar com 18 alto-falantes e alguns blocos de isopor.
— O legal de viajar com a proposta de fazer uma nova obra no lugar é que não precisamos carregar toda aquela tralha na mala, despachar etc. Mas, por outro lado, existe uma certa tensão em pensar que temos que fazer o negócio acontecer — diz Barrão.
Em setembro, o grupo viaja para se apresentar na Bienal de Poznam, na Polônia. De lá, seguem para a cidade de Gdansk, onde vão expor na Gdansk Citty Gallery.
Reunidos pela primeira vez em 1995, por conta de um convite feito pelo poeta Chacal para criarem algo juntos o CEP 20.000 — tradicional evento de poesia carioca —, os três gostaram do que surgiu e resolveram dar continuidade à proposta, que ganhou forma em 2000.
— Acho que o que faz a gente continuar é essa possibilidade de trabalhar entre amigos. Eu só estou no Chelpa porque assim consigo tocar com eles, que são parceiros de longa data. Assim consigo fazer coisas que, sozinho, não são viáveis — conta Zerbini.