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março 12, 2012
Mostras no MAC-USP mostram duas vertentes antagônicas da instituição por Fabio Cypriano, Folha de S. Paulo
Mostras no MAC-USP mostram duas vertentes antagônicas da instituição
Matéria de Fabio Cypriano originalmente publicada na Ilustrada do jornal Folha de S. Paulo em 9 de março de 2012.
Duas mostras em cartaz no MAC-USP (Museu de Arte Contemporânea) apresentam duas vertentes da instituição totalmente antagônicas.
Enquanto "Redes Alternativas" exibe um acervo homogêneo, constituído pela ação transgressora do MAC nos anos 1970, "Fotógrafos da Cena Contemporânea" reflete o personalismo do polêmico mecenas Edemar Cid Ferreira, já que traz, em sua maioria, obras da coleção do Banco Santos, sob guarda provisória no museu.
"Redes Alternativas" reúne um conjunto de obras de 34 artistas que enviaram trabalhos ao museu por correio, como forma de criar um circuito alternativo tanto ao mercado de arte quanto à ditadura no Brasil.
Grande parte dessas obras, selecionadas pela curadora Cristina Freire, traz documentos de ações realizadas pelos próprios artistas.
Bom exemplo é o vídeo "Estômago Embrulhado" (1975), de Paulo Herkenhoff, no qual o artista come jornal, reflexão sobre o papel dos meios de comunicação.
Na seleção, a curadora priorizou obras de artistas latinos e do Leste Europeu, o que mostra ainda um importante esforço do museu em criar um eixo alternativo à produção de centros de arte dos EUA e da Europa.
Já "Fotógrafos da Cena Contemporânea", com curadoria de Helouise Costa, por partir da coleção de Cid Ferreira, propõe uma visão muito distinta do circuito da arte.
Diversificada, por ter fotógrafos de escolas de diferentes gerações e tendências, e um tanto inusitada, por ter foco em imagens com nu feminino, predileção do ex-banqueiro, a exposição revela como o colecionismo privado pode ser fútil e sem conceito.