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fevereiro 17, 2012

No MoMA, a arte impressa no mundo globalizado por Fernanda Godoy, Yahoo notícias

No MoMA, a arte impressa no mundo globalizado

Matéria de Fernanda Godoy originalmente publicada no Yahoo notícias em 16 e fevereiro de 2012.

NOVA YORK - Examinar o papel da arte impressa no mundo globalizado é o objetivo da exposição "Print/Out", que o MoMA (Museum of Modern Art) inaugura no próximo domingo, oferecendo ao visitante um apanhado de mais de 40 artistas e grupos. Trabalhos de nomes consagrados, como Robert Rauschenberg e Ai Weiwei, são expostos junto a criações coletivas do grupo dinamarquês Superflex, numa mostra que tem a apropriação de imagens e bens culturais como questão central.

- Os principais assuntos que afetam o mundo da impressão são os mesmos que encontramos em outras formas de expressão artística, como escultura ou pintura. O interessante é captar o que mudou nestes últimos 20 anos, em que a arte se tornou tão global - diz o curador Christophe Cherix.

Em alguns momentos, os objetos são impressões à la Gutenberg. Os livros de Ai Weiwei que estão expostos, por exemplo, são volumes sobre arte contemporânea disseminados clandestinamente no mundo underground >res

Em outros, as técnicas se mesclam e fica difícil estabelecer fronteiras. Para o diretor do MoMA, Glenn D. Lowry, a mostra tem também a função de fazer o visitante pensar sobre o papel dos impressos na cultura.

- Não estamos preocupados em definir o que é um objeto impresso. O importante é que, desde o Renascimento, impressões são usadas para disseminar ideias, criar heranças culturais. A apropriação é fundamental, como vemos em Martin Kippenberger, com a destruição e a reapropriação - completa Cherix.

A exposição começa com obras de Kippenberger, o artista alemão que produziu uma vasta coleção de múltiplos, em colaboração, ao longo de sua carreira. A série exposta no MoMA começou em 1989, quando Kippenberger pediu ao assistente que copiasse suas pinturas. Classificando as cópias de "boas demais", Kippenberger decidiu destruí-las, mas isso provou ser apenas o início do trabalho. Muitas novas obras, inclusive esculturas para conter as pinturas destruídas, e fotografias dessas esculturas, foram elaboradas e deram vida à série "Inhalt auf Reisen".

Outro destaque, este no encerramento, é "The lotus series", do americano Robert Rauschenberg. As obras são baseadas em pequenas e desbotadas fotos de viagens do artista à China, entre 1982 e 1985, mais tarde ampliadas e modificadas com o uso de >ita

Um workshop do Superflex promete ser mais um chamariz da mostra. Usando computadores e outras ferramentas, o visitante poderá criar um lustre com base em imagens de objetos clássicos. E as criações serão incorporadas à instalação.

- Eles (os artistas do Superflex) pegam imagens com copyright pesado, ícones da nossa cultura, e pedem que você os reivente, transgredindo, de maneira sutil, a questão do direito autoral - diz o curador.

Para Cherix, a especificidade do meio de expressão artística tornou-se menos relevante nos últimos 20 anos. A última grande mostra do MoMA sobre arte impressa foi em 1996.

- Dá para observar como ficam borradas as fronteiras entre, por exemplo, fotografia e impressão. O importante, para nós, é capturar como essa tecnologia se tornou central neste mundo em que as imagens estão constantemente se movendo de um meio para outro - diz Cherix.

Mergulho na coleção do museu

Em paralelo a "Print/Out", o museu abre também a exposição "Printin'", co-organizada pela artista plástica Ellen Gallagher e pela curadora Sarah Suzuki. Para a seleção dos objetos, Ellen examinou todas as 55 mil peças impressas da coleção do MoMA.

"Printin'" foi definida por sua curadora como uma constelação que abrange fotografias, vídeos, desenhos, livros, quadrinhos e até esculturas.

- Foi a partir do que despertou o interesse e a imaginação dela que começamos a construir a exposição, que virou uma constelação de trabalhos muitos distintos - diz Sarah Suzuki.

Foi um tour de force para selecionar obras de 50 artistas de múltiplas disciplinas, com uma cronologia que recuou no tempo até o século XVII.

- Ninguém me contou que eu seria a primeira pessoa a ver toda a coleção. Foi uma experiência incrível, como uma pós-graduação - conta Ellen.

Posted by Cecília Bedê at 4:30 PM