|
fevereiro 17, 2012
Brasil além-mar por Nina Gazire, Istoé
Brasil além-mar
Matéria de Nina Gazire originalmente publicada na seção de artes visuais da Istoé em 16 de fevereiro de 2012.
Fundação em Lisboa expõe individuais de Beatriz Milhazes e Rosângela Rennó, dois dos maiores nomes da arte contemporânea brasileira
Enquanto diferentes instituições brasileiras realizam atividades para celebrar o ano da Itália no Brasil, o Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, de Lisboa, antecipa as comemorações do ano de Portugal no Brasil – que tem início no mês de setembro deste ano – com exposições de dois dos maiores nomes da arte brasileira na atualidade. Beatriz Milhazes e Rosângela Rennó ocupam o espaço sob a curadoria da crítica de arte Isabel Carlos, diretora do Centro de Arte Moderna desde 2009.
“Quatro Estações” é o nome da mostra com trabalhos recentes de Beatriz Milhazes, que também estiveram em exposição na Fundação Beyeler, em Basel, Suíça. Conhecida por suas pinturas em acrílico (que chegam a atingir US$ 1 milhão no mercado de arte internacional), a artista leva a Portugal obras que experimentam outros suportes. São colagens com materiais do cotidiano e móbiles que transferem para o plano tridimensional seus célebres florais geométricos e coloridos. “Esta é uma artista multifacetada, que construiu uma linguagem muito própria, capaz de trabalhar com diferentes suportes e materiais”, define a curadora Isabel Carlos, que também selecionou uma série de quatro pinturas que dão título à exposição.
A grande expectativa sobre o novo campo de atuação de Beatriz Milhazes recai sobre a instalação de grandes dimensões em vinil, denominada “Jardim Verde”, que ocupará os vitrais da nave central do Centro de Arte Moderna. Esse tipo de trabalho foi provado em 2008 pela artista, quando ela utilizou material translúcido para estampar as grandes janelas da Estação Pinacoteca de São Paulo.
“Frutos Estranhos”, a individual de Rosângela Rennó, é uma série de vídeos em loop, realizados a partir da edição e animação digital de imagens fotográficas. O estranhamento está no fato de que as imagens, ao contrário do ritmo convulsivo típico das obras de videoarte, possuem movimentos ínfimos e imperceptíveis. Esse aspecto inusitado inspira o título da série porque, segundo Rosângela Rennó, as 40 obras selecionadas, produzidas ao longo da última década, provocam o deslocamento do olhar diante de uma imagem mediada. “Esse trabalho evoca e repensa o que eu denomino ‘formas de mostrar’: a máquina fotográfica, o aparelho de DVD e os demais modos de visualização da imagem”, comenta a artista, que também apresenta em Portugal sua mais nova série de vídeos, “Turista Transcendental”, filmada em diferentes lugares do mundo, no último ano.
O lançamento de um livro, previsto para meados de 2012, também está na agenda de Rosângela. A obra “Menos Valia”, cuja primeira versão de 2005 está presente na exposição, será transformada em uma publicação com a reprodução de todos os objetos realizados pela artista que foram leiloados em uma performance durante a 29a Bienal de São Paulo. “Além do registro e catalogação dos objetos leiloados, a publicação trará um DVD com o vídeo do leilão realizado em 2011”, diz a artista. Já Beatriz Milhazes terá monografia publicada pela editora alemã Hatje Cantz.
Saiba mais sobre as exposições na agenda de eventos: Beatriz Milhazes; Rosângela Rennó