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fevereiro 15, 2012
Obra de Zamproni na Funarte faz contraposição entre o leve e o pesado por Nahima Maciel, Correio Braziliense
Obra de Zamproni na Funarte faz contraposição entre o leve e o pesado
Matéria de Nahima Maciel originalmente publicada no caderno diversão e arte do jornal Correio Braziliense em 15 de fevereiro de 2012.
A obra de Zamproni, que chama a atenção pelo aspecto lúdico, também pode ser vista no Museu Nacional da República
Um primeiro olhar engana. A marquise da Funarte parece estar sustentada por uma sucessão de almofadas vermelhas. Os pilares sumiram e as imensas estruturas de 36m² e 2,30m de altura seguram o teto do abrigo de um dos mais importantes complexos artísticos da cidade. A obra é do paranaense Geraldo Zamproni e vai mudar a paisagem da Funarte até março, como um dos projetos vencedores do Prêmio Atos Visuais de 2011. Zamproni cultiva um prazer lúdico em subverter estruturas pesadas. A possibilidade da contraposição entre materiais leves e cargas faz o artista se divertir quando se depara com elementos arquitetônicos passíveis de se submeterem à brincadeira. Ele também levou as almofadas coloridas para a rampa do Museu Nacional de República, como parte da exposição Diálogos da resistência.
Formado em arquitetura e há muito tempo afastado das pranchetas, Zamproni deixou para trás a confecção de estruturas e trocou a seriedade do projeto pela brincadeira com a arte. Não que a seriedade esteja dissociada do fazer artístico — há algo de muito sério em propor a reflexão por meio do lúdico, é preciso quebrar amarras para conseguir entrar na proposta — mas a arte pode se dar ao luxo de levar o jogo para o espaço do austero. “Basicamente, é o aspecto lúdico da intervenção que chama a atenção: uma estrutura tão rígida como a arquitetura substituída por algo tão frágil. E são elementos do cotidiano, só muda a escala”, explica o artista.
Batizada de Estrutura volátil, a instalação também resgata uma intimidade do cotidiano como estratégia para fisgar o visitante. “Almofada é algo do íntimo e do cotidiano”, lembra Zamproni. “Algo tão corriqueiro do dia a dia que pode ser inserido em algo maior. Acho que isso ajuda a tirar um pouco de seriedade das coisas, o peso que tem a arquitetura, e dar certa leveza à vida, ao olhar, ao perfil de uma cidade, que é sempre tão rígida.”