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fevereiro 13, 2012
Bússola da arte por Paula Alzugaray, Istoé
Bússola da arte
Matéria de Paula Alzugaray originalmente publicada na seção de artes visuais da Istoé em 12 de fevereiro de 2012.
Programa de mapeamento Rumos Artes Visuais chega à sua quinta edição em exposição que acentua diferenças entre obras e regiões
O Rumos Artes Visuais é uma bússola das artes visuais no País. Ativo e contínuo desde 1997, já criou tradição de revelar artistas emergentes do Norte, Sul, Leste e Oeste. O mapeamento que produz periodicamente funciona como referência para o mercado e instituições de arte trabalharem nos próximos três anos. Nesta quinta edição do programa, nada de tendências ou linhas conceituais para definir o resultado de um ano de pesquisas. A curadoria de “Convite à Viagem” mostra-se muito mais interessada em salientar as singularidades e diferenças do que as proximidades entre as obras. “A dinâmica da exposição se faz entre rimas e choques”, afirma Paulo Miyada, que integra o grupo curatorial coordenado por Agnaldo Farias.
Mais do que temas, fala-se aqui em “territórios” ou “regiões”, para aproveitar o vocabulário próprio dos viajantes. Identificam-se vários deles ao longo do percurso da exposição, sem que a curadoria indique-os por meio de textos ou sinalizações. Rimas acontecem, por exemplo, entre a obra de Thiago Honório, que investiga ações de edição e montagem no mundo das artes, e outros artistas que trabalham com deslocamentos fotográficos, como a carioca Maria Laet, que faz intervenções sobre películas de Polaroid; a paraibana Iris Helena, que trabalha com pequenas máquinas digitais e impressoras domésticas para imprimir em suportes inusitados como o “post it”; ou o capixaba Vinícius Guimarães, que realiza imagens com uma máquina de xerox, levando-a aos limites da ampliação. Mas a fotografia é apenas uma “região” da exposição. Outros terrenos habitados nesse Rumos são as cidades, as paisagens, a ecologia ou as fabulações.
A pintura é outro campo ocupado. Discutem os deslocamentos da pintura o carioca Rodrigo Torres, o indiano Vijai Patchineelam, radicado no Rio de Janeiro, ou o acreano Welington Santana, que faz uma pintura iconográfica e figurativa similar ao estilo geométrico indígena, mas
é deslocada de seu lugar-comum, fazendo da tela um elemento de intervenção na paisagem amazônica. A quinta edição do Rumos expõe mais de 100 obras realizadas pelos 45 artistas mapeados. Depois de São Paulo, o projeto tem itinerância em outras quatro cidades, em novos arranjos.