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fevereiro 13, 2012
Mostra destaca transgressões da obra de Flávio de Carvalho por Fabio Cypriano, Folha de S. Paulo
Mostra destaca transgressões da obra de Flávio de Carvalho
Matéria de Fabio Cypriano originalmente publicada na Ilustrada do jornal Folha de S. Paulo em 11 de fevereiro de 2012.
A importância de Flávio de Carvalho (1899-1973) como um dos modernistas mais arrojados é conhecida, especialmente por ser o precursor da performance arte no Brasil, por andar de saia por São Paulo, ou por criar projetos arquitetônicos inovadores.
"Flávio de Carvalho - A Revolução Modernista no Brasil", em Brasília, lança foco sobre outra atividade do artista: sua reflexão sobre a relação entre arte e loucura.
A mostra, com curadoria de Luzia Portinari, apresenta 60 obras do artista, entre desenhos, pinturas e gravuras, ao lado de cerca de 40 trabalhos de internos do Hospital Psiquiátrico do Juqueri.
Trata-se, a princípio, de uma relação forçada, mas o ponto de partida é legítimo. O artista organizou, no Clube dos Artistas Modernos (CAM), espaço que fundou em 1933, o "Mês das Crianças e dos Loucos" junto a Osório Cesar, psiquiatra do Juqueri.
Ao apresentar a obra de internos junto a trabalhos de Carvalho, a curadora ousa uma aproximação, que salienta o caráter transgressor da obra do artista. Um bom exemplo é o conjunto "New Look para Futebol", composto por desenhos que o artista fez para uniformes de futebol.
Assim como em seu famoso "New Look de Verão", usado pelo artista em 1956 e que escandalizou São Paulo por andar de saias, Carvalho também previu que, no futebol, todo o time usasse saias. Na exposição em Brasília, estão expostos não só os desenhos dos uniformes: eles foram confeccionados e dispostos em manequins.
Flávio de Carvalho é um dos artistas mais inovadores e, por isso mesmo, difíceis de se expor de forma convencional. Ao se atrever a olhar sua obra de forma livre, mesmo que um tanto desmazelada na apresentação, a curadoria ajuda a elucidar sua obra.