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fevereiro 9, 2012

Obras modernistas estão no exterior ou em coleções privadas por Márcia Abos, Yahoo notícias

Obras modernistas estão no exterior ou em coleções privadas

Matéria de Márcia Abos originalmente publicada no Yahoo notícias em 4 de fevereiro de 2012.

RIO - Mesmo sem ter sido exposto na Semana de Arte Moderna, "Abaporu", óleo sobre tela feito em 1928 por Tarsila do Amaral para presentear Oswald de Andrade, tornou-se a imagem referência do modernismo nacional. A tela, no entanto, está perto do coração, mas longe dos olhos dos brasileiros. Vendida em 1995 pelo galerista e investidor brasileiro Raul Forbes por US$ 1,25 milhão, "Abaporu" é uma das joias do acervo do Museu de Arte Latino-americana de Buenos Aires, o Malba, criado pelo empresário argentino Eduardo Costantini para abrigar sua preciosa coleção.

- De modo geral, grande parte da arte brasileira está em coleções particulares. E muita coisa está no exterior - confirma Tadeu Chiarelli, diretor do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, que abriga o principal acervo público de arte moderna brasileira, que inclui obras como "A boba", de Anita Malfatti, "Figura", de Ismael Nery e "A negra", de Tarsila do Amaral.

A dispersão das obras modernistas começou junto com o nascimento do mercado profissional de arte no Brasil. A partir da década de 1960, surgiram os primeiros leilões, alguns deles para arrecadar fundos para a construção do hospital Albert Einstein. Muitos colecionadores viram a oportunidade de investir num movimento cujas obras ainda tinham preços acessíveis.

- Tirando o MAC, a Pinacoteca do Estado de São Paulo, que optou por investir mais em pré-modernismo, e o Masp, os museus não foram à luta - completa Chiarelli, lembrando que José e Paulina Nemirovsky são um casal de colecionadores privados que optou por comprar obras que contam, de forma sintética, a história do modernismo brasileiro. - Eles merecem toda a consideração e respeito por terem tornado pública esta coleção. Vamos torcer para que no futuro outros colecionadores façam o mesmo.

"Falta uma política de formação de acervos"

Transformada em fundação para evitar que a coleção fosse vendida e desmembrada após a morte de seus criadores, e com um contrato de comodato com o governo do Estado de São Paulo, as obras da Coleção Nemirovsky ficam expostas em São Paulo, na Estação Pinacoteca. Entre elas está "Antropofagia", de 1929, também de Tarsila do Amaral.

- Costantini enviou uma carta à Fundação Nemirovsky oferecendo US$ 35 milhões por "Antropofagia". Claro que a oferta foi recusada, pois o estatuto impede a venda de qualquer obra da coleção. Mas se a proposta fosse aceita, Tarsila estaria entre os dez artistas mais valorizados do mundo - lembra Fernando Mauro Barrueco, diretor executivo da Fundação Nemirovsky.

O seguro de "Abaporu", por exemplo, foi renovado recentemente por US$ 40 milhões.

- Não houve na época, nem há hoje um esforço para evitar que obras importantes saiam do Brasil. Falta uma política de formação de acervos - diz Roberto Bertani, que, antes de assumir a curadoria artística da Fundação Nemirovsky, auxiliava colecionadores de arte brasileiros a organizar suas coleções.

A polêmica venda da coleção de arte construtivista de Adolpho Leirner para o Museu de Belas Artes de Houston, em 2007, serviu de alerta. Desde então, as instituições têm se preocupado em manter no Brasil obras ou coleções consideradas fundamentais. Antes de serem vendidas no exterior, elas são avaliadas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

- Mercado e interesse público são forças que competem. É difícil conciliar esses dois vetores. Ainda mais quando falamos de obras modernistas, um investimento seguro. Di Cavalcanti não vai triplicar de valor, isso já aconteceu. Mas vai continuar a se valorizar. E obras como "Abaporu" e "Antropofagia" não têm preço. São as joias da coroa - avalia Fernando Barrueco.

Parcerias entre setor privado e público podem ser o caminho para evitar ou recuperar obras expatriadas. Mas ainda é impossível mapear onde estão as obras modernistas. O catálogo raisonné da maioria dos artistas do movimento ainda não foi feito, com exceção de Tarsila do Amaral e Candido Portinari, que só recentemente tiveram toda sua produção inventariada.

Posted by Cecília Bedê at 4:09 PM | Comentários(1)
Comments

but, me faz lembrar butt... joias da coroa: ou se mascam ou se conservam. a transa confirma a hipótese. abaporu em buenos aires...

Posted by: Luis Andrade at março 6, 2012 5:28 AM
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