|
janeiro 26, 2012
Si non è vero... por Nina Gazire, Revista Select
Si non è vero...
Matéria de Nina Gazire originalmente publicada na revista Select em 20 de janeiro de 2012.
Dupla de curador e artista ataca novamente com projeto de galeria
Conheça o motivo para a suposta "aposentadoria" do artista Maurizio Cattelan
Desde que anunciou a suposta aposentadoria, em dezembro de 2011, realizando a retrospectiva All, quando pendurou todos os seus trabalhos na rotunda do museu Guggenheim de Nova York, o artista italiano Maurizio Cattelan parece estar envolto em mais um enigma. Depois do autoproclamado e nada convincente anúncio de que encerraria suas atividades artísticas, o que acabou funcionando como ótimo golpe de marketing, há nova dúvida no ar.
O crítico de arte da revista New York Magazine, Jarry Saltz, noticiou que, ao fazer um passeio pelas galerias da 21st Street, em Nova York, descobriu “acidentalmente” que Cattelan - juntamente com o crítico do New Museum, Massimiliano Gioni - estaria abrindo uma galeria naquele mesmo local. Segundo Saltz, antes de descobrir o endereço do misterioso empreendimento, uma espécie de release estaria circulando pela cidade contendo algumas informações sobre a futura empreitada.
A ação de abrir uma nova galeria seria uma espécie de continuação de uma pegadinha curatorial que Cattelan e Gioni empreenderam no início da década passada, em parceria com outro curador, Ali Subotnik, atual curador do Hammer Museum. Intitulado The Wrong Gallery (Galeria Errada), o projeto, que ficou conhecido como “a menor galeria de Nova York”, consistia em um buraco que dava acesso a uma sala de três metros quadrados, localizada na rua West 20th. Até 2005, o trio expôs ali aquilo que Saltz chamou de “exposições relâmpago para dar nó na cabeça”.
Nesse espaço, o artista Adam McEwan posicionou uma placa que dizia “Fuck off, we're closed”, algo que passava despercebido como obra de arte, se é que alguma vez freqüentou essa categoria. Outra obra então exibida foi um retrato contemporâneo do imperador Napoleão, realizado pela pintora Elizabeth Peyton. A galeria se transformou em obra itinerante quando também foi exibida dentro da Tate Modern, com as dimensões de uma cabine telefônica inglesa.
Na porta do endereço que sediará a continuação da Wrong Gallery, dois papéis estão pregados com os dizeres “Family Business”. Pelo visto o negócio da “famiglia Gioni/Cattelan” parece estar ganhando ramificações tão suspeitas quanto as da infame cosa nostra. Só que sem a parte ilícita, claro, mas de dubiedade equivalente. Ela indicaria um retorno triunfal de Cattelan ou, para os mais céticos, demarcaria a falta de graça de uma velha piada contada mil vezes.