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janeiro 26, 2012
Mostras frisam pluralidade do acervo do MAC por Fabio Cypriano, Folha de S. Paulo
Mostras frisam pluralidade do acervo do MAC
Matéria de Fabio Cypriano originalmente publicada na Ilustrada do jornal Folha de S. Paulo em 25 de janeiro de 2012.
"Modernismos no Brasil" e "MAC em Obras" mostram bastidores do museu e revelam funções além da exposição
Duas mostras em cartaz no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC-USP), em sua sede no parque Ibirapuera, são um bom sinal do que pode ocorrer com a ocupação do novo prédio, o antigo Detran, a apenas algumas dezenas de metros do atual espaço.
O convênio de cessão do novo local, concedido pelo Governo do Estado, deve ser assinado no próximo sábado.
"Modernismos no Brasil" e "MAC em Obras" abordam o acervo do museu de formas distintas, mas complementares.
Em "Modernismos", com curadoria de Tadeu Chiarelli, diretor da instituição e responsável pela transferência para a nova sede, busca-se relativizar o papel de Anita Malfatti (1889-1964) e da cidade de São Paulo, por conta da Semana de 22, como foco da produção moderna brasileira -tese que já vem sendo contestada há certo tempo.
O importante na mostra é aproximar 150 obras-primas da coleção, tanto nacionais como estrangeiras, questionando também o caráter derivativo da produção brasileira, ou seja, que o que aqui se realizou até os anos 1950 seria mera cópia do modernismo europeu.
Ao colocar, por exemplo, lado a lado, obra de artistas como Geraldo de Barros (1923-88), Lasar Segall (1891-1957) e Paul Klee (1879-1940), o curador aponta não apenas as influências que importam, mas como as relações que se criam entre elas podem geram novas narrativas.
Já "MAC em Obras" observa o acervo da instituição a partir das dificuldades e desafios de conservação da produção contemporânea.
Durante a exposição, 19 objetos e instalações podem ser vistos em seu processo de documentação, conservação e restauro, em obras de Alex Vallauri (1949-87) e León Ferrari, entre outros.
Com "Aparelho Cinecromático" (1956), de Abraham Palatnik, por exemplo, é exibido um laudo que relata os problemas de conservação, como a inexistência de lâmpadas iguais às utilizadas inicialmente pelo artista, o que dificulta, hoje, alcançar-se o efeito original. Também é apresentado o conjunto de intervenções realizadas para a conservação da obra.
Dessa forma, o MAC expõe seus bastidores, revelando que exibir é apenas uma das funções do museu, mas preservar e conservar, frente às mudanças tecnológicas e dos materiais artísticos, é também missão fundamental.