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novembro 23, 2011
Galeria em movimento por Paula Alzugaray, Istoé
Galeria em movimento
Matéria de Paula Alzugaray originalmente publicada no caderno de Artes Visuais da revista Istoé em 18 de novembro de 2011.
Cena independente de Buenos Aires compõe a terceira mostra da Logo. Galeria quer promover cruzamento entre arte urbana e arte contemporânea
Um francês, um taiwanês e cinco argentinos compõem a mostra “Preguntame como!”, que traz a São Paulo um recorte da cena artística independente de Buenos Aires. Alguns deles são artistas “que ainda estão fora do radar do mundo da arte”, segundo o curador da mostra, o franco-argentino Tristan Rault, que também atua como curador-adjunto da galeria Logo. Inaugurada em agosto, em São Paulo, a galeria nasce com o projeto de promover cruzamentos entre diferentes circuitos criativos.
Os mundos do grafite, do HQ, do design de fanzines, de capas de discos, do skate, do punk, do hip-hop, e outros ambientes da cultura pop, compõem o amplo universo da arte urbana, que configura hoje um mercado que cresce proporcionalmente ao mercado de arte contemporânea e já ganhou seu lugar ao sol nos grandes museus do mundo, como o Tate Modern, de Londres, o Museu de Arte Contemporânea de Los Angeles (Moca), e até o MASP – atualmente em cartaz a mostra “De dentro e de fora. “Nosso objetivo não é ser mais uma galeria desse nicho, mas inserir esses artistas no circuito da arte contemporânea”, projeta Carmo Marchetti, sócia de Marcelo Secaf e Lucas Ribeiro na galeria.
Na busca de cruzamentos entre a arte contemporânea e outros circuitos criativos, a curadoria de “PREGUNTAME COMO!” relaciona, por exemplo, a obra do artista e jornalista Nicolás Sobrero com a pesquisa caligráfica do célebre artista contemporâneo argentino León Ferrari ou com o construtivismo uruguaio – provavelmente se referindo a Torres García. Sobrero expõe na Logo colagens em grandes dimensões que têm como elemento de composição apenas letras recortadas de cartazes de rua. Outro ponto de convergência entre o urbano e o contemporâneo na mostra em cartaz é Andrés Bruck, que transita entre polos extremos como o Babafestival, de Roma, e a feira ArteBA, a mais antiga feira de arte contemporânea da América Latina – além de ter sido aluno de Jorge Macchi,o maior nome da arte argentina.
Instalada no antigo endereço da galeria Raquel Arnaud (rua Arthur de Azevedo, 401), a Logo quer evocar a memória da primeira galeria a ocupar o local: a Subdistrito, que nos anos 80 movimentou o mercado de arte paulistano ao apostar na nascente geração de artistas. “A ideia é capturar expressões que estão vivas, pulsantes, em constante mutação, resgatando o espírito do que aconteceu aqui nos anos 80”, define Lucas Ribeiro, que antes de se dedicar à Logo foi curador-geral da mostra “Transfer”, que levou a cultura urbana ao Santander Cultural de Porto Alegre, em 2008, e de São Paulo, em 2010.