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novembro 18, 2011
Exposição no Bairro do Recife questiona valor do dinheiro na arte contemporânea por Tatiana Meira, Pernambuco.com
Exposição no Bairro do Recife questiona valor do dinheiro na arte contemporânea
Matéria de Tatiana Meira originalmente publicada no caderno Últimas do site Pernambuco.com em 17 de novembro de 2011.
Deve provocar bastante curiosidade o letreiro Se vende, que será colocado do lado de fora do prédio do Santander Cultural, de frente para a Praça do Marco Zero, no Bairro do Recife. Com letras garrafais vermelhas, que ficam acesas à noite, dá para imaginar que o edifício estará à venda. Mas não é nada disso! O luminoso é uma criação da artista Carmela Gross, de São Paulo, e integra a exposição coletiva 748.600, que permanece em cartaz durante um mês a partir desta sexta.
O projeto com curadoria de Renan Araújo, de Ribeirão Preto, interior de São Paulo, promove uma reflexão sobre diferentes aspectos da economia, como o dinheiro, o acúmulo de capital, a força de trabalho. A autocrítica começa a partir do título da mostra, pois 748.600 equivale ao valor em reais captado pelo projeto Novos Curadores com empresas do setor privado, através da Lei de Incentivo Fiscal. Entre os artistas brasileiros selecionados para a exposição, há desde nomes consagrados, como Cildo Meireles e Paulo Climachauska, a que o curador se refere como blue-chips, termo tomado emprestado do mercado de capitais, por sua inserção no universo das artes, até aqueles emergentes, em começo de carreira ou à margem do sistema (small-chips), como os pernambucanos Lourival Cuquinha e Deyson Gilbert. Cildo Meireles ironiza as transações econômicas ao criar, na década de 1970, Zero cruzeiro, em que coloca a figura de um índio no centro da cédula. Já Climachauska participa com desenhos elaborados com a moeda de R$ 1 e a escultura cúbica Fechado para balanço, feita com chapas descartadas da Casa da Moeda. Cuquinha inventa uma cédula de R$ 102, ao subrepor impressões no dinheiro, numa obra que somente se completa com sua negociação e venda.
“Tudo começou com a criação de um site/plataforma unindo outros novos curadores que mandaram projetos e foram selecionados, mais três curadores já atuantes no cenário da arte brasileira e a mediação e ajuda da produtora que administra o projeto. A exposição que está agora no Santander vem de um projeto maior: criação do site, meses desenvolvendo as possíveis exposições, exposição no Paço das Artes em São Paulo, ocorrida entre janeiro e março, e por último a exposição no Recife”, situa Renan.
Outros integrantes são Caio Reisewitz, Clara Ianni, Coletivo Filé de Peixe (espécie de jukebox que exibe videoarte), Denise Rodrigues, Gerty Saruê, Marcelo Cidade, Pino e Rodrigo Matheus.