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novembro 17, 2011
Feira para novos colecionadores reúne obras de até 15.000 reais por Jonas Lopes, Veja
Feira para novos colecionadores reúne obras de até 15.000 reais
Matéria de Jonas Lopes originalmente publicada no caderno de Cultura da edição online da revista Veja em 16 de novembro de 2011.
Batizada de Parte, ela acontece entre sexta (18) e domingo (20) no salão da Igreja da Unificação, em Pinheiros
Em geral, o ambiente das galerias intimida as pessoas pouco versadas no universo das pinturas, gravuras e esculturas. Não bastasse isso, há o problema do preço, às vezes alto demais para quem nunca investiu numa obra. Uma nova feira de arte contemporânea na cidade se propõe a ser uma porta mais amigável e acessível aos candidatos a entrar para o time dos colecionadores. Batizada de Parte, ela ocorre de sexta (18) a domingo (20), reunindo no salão da Igreja da Unificação, em Pinheiros, trabalhos de cerca de 300 artistas divididos em 22 estandes. É possível fechar negócios a partir de 450 reais, e nada do que estará exposto ali custará mais de 15.000 reais. Virgílio, Emma Thomas, Zipper e Fotospot são algumas das casas participantes da primeira edição. A lista de artistas representados inclui desde nomes experientes, a exemplo de Bob Wolfenson e Marcello Nitsche, até as jovens revelações Estela Sokol e Mariana Serri.
O público que comparecer poderá ver outras atrações, como uma ação do coletivo Aluga-se. Vinte integrantes do grupo doaram obras, que serão colocadas em 150 caixas, três em cada uma, e então postas à venda por 290 reais. O visitante terá de comprá-las no escuro: apenas ao abri-las conhecerá as peças que levará para casa. A programação abriga ainda conversas com curadores e oficinas relacionadas à história da arte, voltadas para crianças a partir de 7 anos. Na sexta (18), às 19 horas, a Cosac Naify lança os primeiros cinco volumes da edição brasileira da Photo Poche, tradicional coleção francesa de livros de fotografia. Henri Cartier-Bresson, Man Ray, Sebastião Salgado, Elliott Erwitt e Helmut Newton são os nomes abordados nas publicações.
A Parte começou a tomar forma no início do ano, na cabeça da artista plástica Lina Wurzmann, formada em administração de empresas, e da advogada Tamara Brandt Perlman. “Nossa intenção era unir a demanda de pessoas que não têm condição de investir muito à oferta de artistas sem espaço para exibir suas realizações”, diz Lina. “Enquanto elaborávamos a ideia, visitamos a Europa, onde esse tipo de negócio está em grande expansão”, completa Tamara. Finalizado o projeto, a dupla definiu o teto de preço, tentando achar um valor razoável tanto para atrair o público como para recompensar os expositores. Cada galerista terá de incluir uma placa com o preço ao lado do trabalho exposto. Solução aprovada pelo empresário Oliver Mizne, colecionador há mais de dez anos. “A proposta é corajosa. Muita gente vê na arte algo caro e inacessível, e nem sempre é o caso”, acredita ele.
O calendário paulistano já conta com um grande evento nessa área, a SP Arte. Realizada anualmente desde 2005, reuniu 89 galerias em sua última edição, catorze delas estrangeiras, e levou 18.000 pessoas ao Pavilhão da Bienal. Idealizadora do encontro, a advogada e colecionadora Fernanda Feitosa aprova a “irmã mais nova” e popular. “É um sinal de que há um público reprimido para esse tipo de coisa na metrópole”, afirma ela, que deu uma pequena consultoria às organizadoras da Parte em detalhes logísticos e administrativos. Lina e Tamara não veem as duas feiras ocupando o mesmo espaço. “Diria que a Fernanda toma conta do topo de pirâmide, enquanto a gente pretende contribuir para ampliar a base dela”, brinca Tamara.