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novembro 17, 2011
Feira com obras baratas atrai novos colecionadores por Silas Martí, Folha de S. Paulo
Feira com obras baratas atrai novos colecionadores
Matéria de Silas Martí originalmente publicada no caderno Ilustrada do jornal Folha de S. Paulo em 17 de novembro de 2011
Parte começa hoje em São Paulo com trabalhos de no máximo R$ 15 mil
Comprar múltiplos de artistas consagrados e apostar em nomes jovens é o primeiro passo para colecionar
Trocando um vício por outro, o designer Albino Papa diz que deixou de "torrar dinheiro" com roupas de grife e começou a comprar obras de arte. "Quando comecei a colecionar, perdi esse peso na consciência de gastar igual um desesperado", conta ele.
E cada vez mais gente decidiu usar a fome consumista para montar coleções de arte num universo de feiras e galerias que se multiplicam -em São Paulo, cinco novas casas abriram no último ano.
"Não é gente rica que nasceu em berço de ouro", resume Juliana Freire, da galeria Emma Thomas. "São pessoas que deixam de comprar um carro e andam de bicicleta e metrô para poder comprar alguma obra de arte."
De olho nesse público, e aproveitando a expansão do mercado, uma nova feira, a Parte, abre hoje em São Paulo com obras de até R$ 15 mil.
São peças originais de jovens artistas, entre desenhos, esculturas e pinturas, além de múltiplos de nomes já consagrados no circuito global.
"Se você gosta de gente mais famosa, deve comprar múltiplos", ensina Lina Wurzmann, uma das diretoras da feira. Mas ela lembra ainda que há vários jovens artistas "superbacanérrimos".
Juliana Lowenthal, advogada que hoje tem uma coleção de 26 obras, lembra ter se apaixonado por um desses bacanas anos atrás e desde então não parou de comprar.
"Adorei o desenho da Chiara Banfi, uma plantinha daquelas que você assopra", conta Lowenthal. "Quando a mosquinha pica, você não para mais, mas é importante se envolver com a obra."
No caso dela e de outros colecionadores iniciantes, é mais uma questão de amor, gosto ou vício do que de investimento, já que muitos dos artistas ainda não têm carreira estabelecida no terreno pedregoso das artes visuais.
"É igual arrumar uma namorada, tem que olhar e ver se bate", diz Fabio Cimino, da galeria Zipper. "Só quando a obra passa a valer um monte de dinheiro, ela é vista como uma reserva de capital."