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outubro 19, 2011
Faces de Modigliani por Nina Gazire, Istoé
Faces de Modigliani
Matéria de Nina Gazire originalmente publicada na seção de artes visuais da Istoé em 14 de outubro de 2011.
Exposição com obras nunca expostas na América Latina apresenta Amedeo Modigliani ao público brasileiro
Modigliani: imagem de uma vida/ Museu a Céu Aberto, Vitória (ES) de 18/10 a 18/12
Ao contrário de grandes pintores do século XX, como, por exemplo, seu contemporâneo Picasso, o pintor italiano Amedeo Modigliani obteve o reconhecimento postumamente. Dono de um estilo único, ele é frequentemente definido por estudiosos de sua obra como um artista sem mestre e sem discípulos. Sobre Modigliani reza a lenda que teria morrido na pobreza, causada pelo excesso de álcool e haxixe.
“A lenda gosta de 'ver' no artista um miserável. Mas na realidade ele não era mendigo nem alcoólatra. A sua maneira de ser era a de um ator que representava o personagem da marginalidade”, desmistifica Christian Parisot, responsável pelo espólio de Modigliani e curador da exposição “Modigliani: Imagem de uma Vida”, que abre em Vitória, no Espírito Santo, as comemorações do ano “Momento Itália no Brasil”. Essa é a ocasião para conhecer melhor este artista um tanto obscuro e controvertido.
São apresentadas 12 pinturas, cinco esculturas, além de diários, desenhos e fotos nunca antes expostas na América Latina. Além da influência da arte africana, Modigliani compartilhou com Picasso a vida boêmia na Paris dos anos 1900 a 1920, episódio que teria comprometido sua saúde – já frágil desde a infância –, levando-o à morte precocemente, aos 34 anos. “Picasso reinava como mestre do cubismo, enquanto a fama de Modigliani se deu como escultor que entalhava cabeças rudimentares em granito”, diz o curador.
O fato é que o estilo criado por Modigliani é tão facilmente reconhecido quanto o de Picasso. Isso se dá especialmente entre suas figuras femininas, delgadas e de olhos vazios. Talvez a exceção seja a pintura “Grand Nu Allongé – Retrato de Céline Howard”. Presente na mostra, a tela pintada em 1918, já nos últimos anos de vida do pintor, resgata a tradição acadêmica dos grandes nus, fugindo do cânone criado pelo próprio artista. Segundo Parisot, há uma interpretação errônea de que o pintor transferia para as figuras humanas suas limitações e angústias. A grande questão na obra de Modigliani sempre foi o traço escultor, mesmo nas pinturas. “A primeira preocupação de Modigliani foi sempre a escultura, uma força irresistível o empurrava a esculpir. As figuras emergiam da pedra sem que tivesse necessidade de um modelo de terra ou gesso. Sentia-se predestinado a ser escultor”, explica. A exposição chega ao Rio de Janeiro no início de 2012 e a São Paulo em junho do mesmo ano.