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outubro 3, 2011
Mostra na Bienal reúne o que há de mais valorizado no mercado de arte por Fabio Cypriano, Folha de S. Paulo
Mostra na Bienal reúne o que há de mais valorizado no mercado de arte
Matéria de Fabio Cypriano originalmente publicada na Ilustrada do jornal Folha de S. Paulo em 2 de outubro de 2011.
Ao trazer ao país um conjunto de obras praticamente impossível de ver num só local, a exposição já se justifica
Estranho apenas é que o time com que se comemoram os 60 anos da bienal tenha estado fora de suas 29 edições
"Em Nome dos Artistas" é não só uma mostra, mas um grande compêndio da produção mais valorizada pelo mercado de arte nas últimas duas décadas.
Pode-se até duvidar que Matthew Barney, Jeff Koons, Richard Prince ou Cindy Sherman, alguns dos ícones em exibição no edifício do Ibirapuera, permaneçam referências tão importantes como são hoje nos futuros livros de história da arte.
Entretanto, os valores que suas obras já alcançaram os colocam na história de qualquer jeito.
Assim, a mostra, com o acervo de um dos grandes colecionadores de arte contemporânea do mundo, o norueguês Hans Rasmus Astrup, ganha no país feição especial.
Salvo raras exceções, essas obras milionárias nunca estiveram por aqui e são conhecidas ao vivo apenas por quem já saiu do país.
Mesmo para os viajantes, no entanto, seria praticamente impossível ver num só local o grupo de obras e artistas ali reunidos. Por isso, ao trazer ao país esse acervo, a exposição já se justifica.
SEGMENTOS
Organizada pelo curador Gunnar Kvaran, também responsável pelo museu Astrup Fearnley, que é a sede da coleção, em Oslo, a mostra divide-se em três segmentos.
O primeiro, do artista inglês Damien Hirst, reúne oito trabalhos de várias fases de sua carreira, entre eles "Mãe e Filho Divididos", uma vaca e um bezerro cortados ao meio, dispostos em vitrines de formol.
A obra sensacionalista do polêmico artista britânico, um das primeiras da mostra, dá o tom espetacular que segue nos demais pisos.
No segundo andar do pavilhão, estão 39 artistas da nova geração norte-americana, dispostos em uma montagem dinâmica, que busca provocar diálogos.
A diversidade de temática e de suportes imprime aí um ritmo mais próximo do que se costuma ver no pavilhão em tempos de Bienal.
Finalmente, no último piso, estão os consagrados. Aí, a cenografia da mostra, a cargo de Daniela Thomas e Felipe Tassara, replica uma montagem bastante museológica.
Conjuntos significativos de obras de Prince e Sherman, artistas que levaram a discussão da fotografia ao limite, ganham destaque, assim como a montagem de Barney, desenhada por ele mesmo.
Estranho apenas é o caráter esquizofrênico da exposição, que comemora os 60 anos da Bienal de São Paulo com um time que, majoritariamente, esteve fora de suas 29 edições -talvez por pertencer a uma tendência da arte marcada pelo comércio.
Pela descrição do Fábio a Bienal vai ser um espetáculo purpurinado no melhor estilo "inn-ternational". Tudo o que o sistemão da arte no Brasil deseja neste momento de explosão de mercado avassaladora. Mas tenho que fé que haverá um espaço reservado à história da Bienal e sua importância para as artes no Brasil...
Posted by: daniela labra at outubro 10, 2011 10:04 PMConcordo com os questionamentos colocados por Cypriano e também estranho a associação desses artistas a uma comemoração da Bienal. Outros questionamentos também são válidos sobre a relação entre arte e mercado. Espero que pelo menos uma parte do público seja capaz de fazê-lo. De toda forma é uma oportunidade imperdível para quem se interessa por arte.
Posted by: Lyara Oliveira at outubro 11, 2011 10:13 AM