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setembro 30, 2011
Espelho da metrópole por Camila Molina, O Estado de S. Paulo
Espelho da metrópole
Matéria de Camila Molina originalmente publicada no caderno de cultura do jornal O Estado de S. Paulo em 30 de setembro de 2011.
Por que tantos espelhos na exposição do dinamarquês Olafur Eliasson em São Paulo? Por que, ainda, um labirinto de paredes de película coloridas ou uma sala com apenas uma intensa neblina branca, convidando a nela caminhar, perder-se? Artista dos mais destacados do cenário internacional, Olafur Eliasson propõe em suas obras a interação sensorial entre o espectador e o trabalho de arte. Quer despertar engajamentos múltiplos e sutis nos visitantes, encorajá-los a sentir, experienciar. "É você que vai fazer algo acontecer com a obra", ele diz, sentado no café do Sesc Pompeia. Convidado especial do 17.º Festival Internacional de Arte Contemporânea Sesc-Videobrasil, que se inaugura hoje, o artista apresenta em sua primeira individual no País uma mostra de peso, abrigada em três espaços da cidade.
Na Pinacoteca do Estado, por exemplo, prevalecem as obras em que Olafur explora os espelhos, como Take Your Time, instalada no Octógono do museu e que está na imagem reproduzida acima. Já no Sesc Pompeia, trabalhos variados do artista, realizados entre 1998 e 2011, promovem o caráter simples e único de propor "situações físicas" dentro de uma instituição multidisciplinar e aberta - lá estão montados o labirinto colorido, Seu Corpo da Obra, a sala de fumaça e luz, Seu Caminho Sentido, e muito mais (é o local que concentra o maior número de trabalhos da mostra de Olafur). Por fim, no Sesc Belenzinho, um disco projeta cores e pede aos visitantes que tenham experiência de desaceleração em Sua Fogueira Cósmica.
O próprio artista, que participa amanhã, às 17h, de encontro com o público no Sesc Pompeia, concebeu sua exposição a partir do desejo de estabelecer o trânsito entre espaços diferentes de São Paulo, metrópole que, como afirma, "é um organismo, no sentido de estar se desenvolvendo e ao mesmo tempo, em colapso". "A cidade carrega um testemunho sobre os valores sociais e culturais de um país, entre o que expressa e o que é real. Como manter o que é espaço público? O que manter? Estou interessado na noção de democracia, de interconectividade, intersubjetividade, em algo que exista não como um documento político, um statement, um manifesto, mas que revele a maneira de se sentir emocionalmente conectado", diz. "As pessoas têm muita dificuldade em sentir os espaços", completa Olafur.
Coautores. O festival Videobrasil demarca agora seu novo perfil, ou seja, deixa de contemplar apenas a videoarte e se abre a todas as manifestações artísticas, ganhando caráter amplo (leia abaixo). A grande exposição Olafur Eliasson - Seu Corpo da Obra, com curadoria de Jochen Volz, pontua, assim, os novos rumos do evento e se torna uma oportunidade de o público entrar em contato com os trabalhos e os pensamentos desse artista que nasceu na Dinamarca em 1967, mas vive em Berlim.