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setembro 20, 2011
Malba completa dez anos em Buenos Aires por Silvia Colombo, Folha de S. Paulo
Malba completa dez anos em Buenos Aires
Matéria de Silvia Colombo originalmente publicada na Ilustrada do jornal Folha de S. Paulo em 20 de setembro de 2011.
Museo de Arte Latino-Americana, casa do 'Abaporu' de Tarsila, promove seminário e exposição especial para a data
Criado pelo empresário Eduardo Costantini, museu abriga obras de Diego Rivera, Torres-García e Antonio Berni
A casa do "Abaporu" está em festa. Começam amanhã as comemorações dos dez anos da abertura do Museo de Arte Latino-Americana de Buenos Aires, ou Malba, como é conhecido.
A tela de Tarsila do Amaral é uma das estrelas da exposição, repaginada para a celebração, junto a obras de grandes nomes da arte do continente, como Diego Rivera, Xul Solar, Torres-García, Antonio Berni, Wilfredo Lam, entre outros.
Integram também os festejos uma mostra do venezuelano Carlos Cruz-Diez e um seminário que reunirá curadores de diferentes museus pelo mundo, como o MoMA, de Nova York, e o Museum of Fine Arts, de Houston. Do Brasil, virão Marcelo Araújo, da Pinacoteca, e Rodrigo Moura, do Instituto Inhotim.
O Malba foi criado pelo empresário do ramo imobiliário Eduardo Costantini, 65, a partir de sua coleção particular, na época com 228 obras.
"Eu pensava em colecionar até o fim da vida e depois doar tudo para um museu já existente", contou à Folha, em Buenos Aires. Costantini, que fala baixo e sorri muito, disse que mudou de ideia quando surgiu a oportunidade de comprar o terreno no qual hoje está o museu, na avenida Figueroa Alcorta, em Palermo.
"Esse lugar pedia um museu. Está perto dos parques, numa avenida de grande visibilidade." Adquirido o espaço, foi realizado um concurso, do qual saiu vencedor o projeto dos arquitetos argentinos Gastón Atelman, Martín Fourcade e Alfredo Tapia.
A coleção então cresceu e hoje conta com mais de 500 obras. O museu se expandiu para outras áreas. Possui um cinema cuja programação se volta para a produção independente e que sediará um festival só com produções latino-americanas.
O Malba também planeja crescer espacialmente: há um projeto de expansão subterrânea, sob a praça República del Perú, ao lado do prédio principal.
Costantini conta que tem uma relação especial com o "Abaporu" (1928), tela que adquiriu em Nova York, nos anos 90, por US$ 1,4 milhão.
O empresário viajou recentemente ao Brasil com a tela, para que o quadro participasse de uma mostra em Brasília, a convite da presidente Dilma Rousseff.
"Sempre me perguntam por que eu não vendo o 'Abaporu' para o Brasil, toda hora me fazem propostas", conta Costantini. "Mas não quero vender. O que sugeri à presidente foi que ela estimulasse um grupo de empresários brasileiros a fazerem um Malba em São Paulo. Aí eu levaria o 'Abaporu' e outras obras."
Os planos, porém, parecem ter ficado por aí. "Quando disse o valor que seria necessário para o investimento, acho que ela se assustou", conclui Costantini, rindo.