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setembro 16, 2011
Exposição de esculturas leva a arte contemporânea ao Parque Dona Lindu, Diário de Pernambuco
Exposição de esculturas leva a arte contemporânea ao Parque Dona Lindu
Matéria originalmente publicada no caderno Cultura do Diário de Pernambuco em 16 de setembro de 2011.
Os quase mil visitantes registrados no primeiro dia da exposição Estruturas de convivências, em cartaz desde domingo na Galeria Janete Costa (Parque Dona Lindu), oferecem uma resposta significativa à curadoria de Márcio Almeida e Beth da Matta para obras e esculturas em grandes formatos dos pernambucanos Paulo Meira, Gil Vicente, Marcelo Silveira, Zé Paulo, Eudes Mota e do próprio Almeida, dispostas no andar térreo deste espaço. As esculturas suturam conceitualmente os 10 anos de convivência do Spa e, a tirar pela vernissage, sugerem que o espaço Janete Costa, até agora utilizado apenas para a exposição de Abelardo da Hora, pode se firmar como vitrine de expressões mais conceituais e de familiaridade crescente com o público recifense.
“Um dos critérios foi convidar artistas que de uma forma ou de outra participaram da trajetória dos 10 anos do Spa das Artes. A escolha do título Estrutura de convivências partiu de duas premissas: estrutura enquanto estrutura física e estrutura enquanto sistema. Em relação à estrutura física, trata-se da atenção à realidade material da obra. Em relação à noção de sistema, note que esses artistas compuseram uma geração que é justamente a que pensou o Spa. São criadores que conviveram intensamente no próprio evento”, afirma Márcio Almeida.
Segundo o organizador, a noção de convivência também apresenta outros agenciamentos. “De certa forma, todos os elementos que compõem as obras, são também elementos de convivências do cotidiano: cadeiras de balanço na obra de Gil Vicente; a estrutura cadeira na obra de Eudes Mota, o sobretudo na obra de Paulo Meira, o couro na obra de Marcelo Silveira…”, comenta, fazendo referência às sete obras da mostra, entre as quais Roupas de casa, de Marcelo Silveira, 11 confessionários para 11 de setembro, de Eudes Mota e Elos combináveis, de Braz Marinho.
Já Beth destaca a disposição espacial dos objetos. “Buscamos olhar para artistas que trabalhavam obras tridimensionais. Nesse sentido, a relação com a Galeria Janete Costa é fundamental. Por exemplo, optamos por não ter obras nas paredes para que os espectadores pudessem circular entre e ao redor de cada trabalho”.
Marcelo Silveira explica
Além da obra obra Roupas de casa, exposta em Estruturas de convivências, o pernambucano Marcelo Silveira lança, no próximo dia 24 de setembro, das 17h às 20h, em seu ateliê localizado na Rua do Apolo, 94, o livro Manual dos manuais ou livros das explicações, título em que apresenta textos críticos, entrevistas, imagens de suas obras, assim como uma proposta: o leitor deve descobrir as maneiras de como manusear esta edição gráfica concebida por Priscila Gonzaga.
“A ideia de produzir o livro partiu de um outro trabalho, os manuais de Liêdo Magalhães, além da observação da infinidade de manuais que orientam o indivíduo a fazer todas as ordens de coisas, desde o manual de modos de vida até manuais de como manusear um instrumento”, conta.
“As pessoas em geral não leem os manuais. Primeiro manuseiam o produto e depois partem para os manuais. Já esse manual que apresento é mais do que um produto gráfico é a convivência de pessoas explicando coisas. Por isso que a ideia inicial do título Manual dos manuais foi acrescida de Ou livro das explicações; é um produto gráfico com garras que convidam o usuário a tanto incluir outras informações como descobrir o modo de funcionamento do livro. Tem partes que são dobradas e para ter acesso a todas as informação é necessário descobrir suas regras de funcionamento desses vários formatos de papel, dessa infinidade de imagens de outros trabalhos.”
Na edição destaque para textos de Paula Braga, Fabiana Bruce, Ana Luisa Lima.
“A começar pela sua visualidade, o manual de Marcelo vai além da forma do livro e se afirma como objeto, criação, impressão e publicação artística. Paradoxalmente livro único, porém composto de formatos diversos, muitas maneiras de leituras e vários manuseios. E vai além do próprio artista, quando ele abre mão da condição de único autor e compartilha a autoria com diversos artistas e profissionais envolvidos na feitura desta obra”, sugere a artista Virginia Maria Neves Baptista em apresentação à obra.