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setembro 13, 2011
Exposição destaca lado professor de Beuys e Leirner por Silas Martí, Folha de São Paulo
Exposição destaca lado professor de Beuys e Leirner
Matéria de Silas Martí originalmente publicada na Ilustrada do jornal Folha de S. Paulo em 13 de setembro de 2011.
Alemão e brasileiro influenciaram rumos e estilo de uma geração de artistas que foram seus alunos, em Düsseldorf e em São Paulo
Joseph Beuys disse que sua maior obra de arte era ser professor. Nelson Leirner atormentou seus alunos e chegava a dar notas sorteando cartas aleatórias de baralho.
Enquanto Beuys, figura central da arte no século 20, ajudou a plasmar uma linguagem no pós-guerra dando aulas em Düsseldorf, Leirner formou na Faap uma geração de artistas hoje consagrados no cenário nacional.
Na mostra que começa hoje no Instituto Tomie Ohtake, obras de Beuys respingam nos trabalhos de seus discípulos, como Katharina Siverding, Lothar Baumgarten, Imi Knoebel e Blinky Palermo.
Seus rabiscos em sala de aula acabaram reforçando a ideia de que o processo é mais interessante do que o resultado final, traço claro nos trabalhos de seus alunos, como a fotografia de Sieverding ou as pinturas de Knoebel.
"Isso era o cosmos dele", diz Liz Christensen, curadora da mostra, sobre os desenhos esquemáticos de Beuys. "Ele empurrava cada aluno a encontrar sua voz e não ligava quase nada para as notas."
Numa sala ao lado, é clara a influência de Leirner sobre Leda Catunda, Dora Longo Bahia, Caetano de Almeida, Iran do Espírito Santo, Laura Vinci e Sergio Romagnolo.
"Ele emparedava muito os alunos", diz o curador Paulo Miyada. "Fazia tudo para desestabilizar as crenças deles."
Tanto que a peça central da exposição é uma série de desenhos de flores que Leirner encomendou a seus alunos e que expôs depois, juntos, numa galeria, como obra sua.
BEUYS E BEM ALÉM
QUANDO de ter. a dom., das 11h às 20h; até 30/10
ONDE Instituto Tomie Ohtake (av. Brig. Faria Lima, 201; tel. 0/xx/11/2245-1900)
QUANTO grátis