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agosto 23, 2011
Associações orgânicas por Nina Gazire, Istoé
Associações orgânicas
Matéria de Nina Gazire originalmente publicada no caderno de Artes Visuais da revista Istoé em 19 de agosto de 2011.
Cem anos de arte brasileira na Coleção Itaú em Exposição, na qual as obras são relacionadas mais por conceitos do que por cronologia
Grande parte das coleções de arte de bancos brasileiros teve início na década de 1960, voltando-se para a aquisição de obras produzidas em períodos precedentes, em geral a pintura modernista de 1920 a 1940. Mas à medida que a arte brasileira avançava na produção de novas linguagens, essa jovem produção passou também a integrar o programa de aquisições dessas instituições. Na exposição “1911 – 2011: Arte Brasileira e Depois, na Coleção Itaú”, em cartaz em Belo Horizonte, é possível fazer um percurso por cem anos da arte feita no Brasil. Embora a coleção ostente grandes nomes do Modernismo, como Lasar Segall e Cícero Dias, o diferencial da curadoria de Teixeira Coelho – responsável pela coleção e também curador coordenador do Museu de Arte de São Paulo – está na ausência de um historicismo. Na mostra, que tem projeto cenográfico de Daniela Thomas e Felipe Tassara, a arte contemporânea e a arte modernista estão dispostas lado a lado, a partir de uma proposta que “aproxima as obras umas das outras por meio de uma associação orgânica”, como explica Teixeira Coelho.
O curador trabalhou sobre um recorte de 170 obras, agrupando-as em seis eixos temáticos. Em “Na linha da ideia”, estão reunidas obras que questionam a funcionalidade e a finalidade da arte e se alinham às propostas feitas pela arte conceitual da década de 1960. Um exemplo é a série de cartões produzida por Amélia Toledo, que fazia parte da publicação “On-Off”, de 1973, – criada com o artista Julio Plaza – e dava instruções didáticas para a realização de intervenções artísticas. Também integram este eixo temático a série “Paraíso”, fotografias que reproduzem obras de artes perfuradas, feitas por Albano Afonso entre 2001 e 2005, e “Campo de energia”, objeto feito de metais oxidantes por Antonio Dias em 1991. “Estas obras são feitas em momentos distintos, mas todas possuem um forte caráter conceitual. Mas cada uma trabalha o conceitual de maneira diferente”, enfatiza o curador.
Para além da diversidade da coleção, outro fator importante do projeto está na itinerância. Desde 2006, a coleção do Itaú tem sido mostrada em diferentes exposições, mas sempre em São Paulo. O projeto de itinerância foi retomado no ano passado com a exposição “Brasiliana Itaú”, que viajou pelo Brasil. A presente mostra “1911-2011 Arte Brasileira e Depois, na Coleção Itaú” deixa Belo Horizonte no mês de setembro e chega ao Rio de Janeiro em outubro. Em 2012, a coleção viajará pela primeira vez ao Exterior e será apresentada em Buenos Aires.