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agosto 23, 2011
Artista japonesa exibe ETs e nave espacial por Silas Martí, Folha de S. Paulo
Artista japonesa exibe ETs e nave espacial
Matéria de Silas Martí originalmente publicada no caderno Ilustrada do jornal Folha de S. Paulo em 20 de agosto de 2011.
Ex-modelo, Mariko Mori contrasta imagens da moda com alienígenas e budismo pop
Mariko Mori construiu uma nave espacial, mas a rota não podia ser mais intimista. No lugar de galáxias distantes, a artista japonesa armou uma estrutura que projeta desenhos abstratos usando impulsos do cérebro de quem entra na sua cápsula reluzente.
Visitantes ligados a eletrodos dirigem as formas que estampam a coisa agora no saguão do Centro Cultural Banco do Brasil em São Paulo.
Ela mesma parece estar conectada a outra realidade, como se recebesse dados extraterrestres. Fala devagar e pontua frases com acenos da cabeça, que parecem corroborados por um OK do além.
Tudo nela também gravita em torno de uma harmonia calculada. Suas pulseiras e presilhas têm o mesmo traçado orgânico da nave espacial e a anatomia dos alienígenas que expõe no segundo andar.
"É uma metáfora do estrangeiro", diz Mori sobre seus ETs. "Um artista deve sempre enxergar as coisas de fora para ter uma visão objetiva do mundo. Quando você não pertence a algum lugar, acaba pertencendo a todos."
Essa é a tradução de Mori para conceitos profundos da filosofia budista, que pauta suas obras mais recentes.
Depois que largou a carreira de modelo e se firmou como uma espécie de Lolita mangá, em fotografias e performances provocativas, Mori decidiu enveredar pelo que chama de "planos mais profundos da consciência".
Num dos trabalhos antigos, também na mostra, ela encarna uma sereia numa praia artificial do Japão, em contraste total com as obras místicas que vieram depois.
"Meu trabalho mais antigo tinha uma influência direta da minha experiência com o mundo da moda", diz Mori. "Mas agora as obras não têm a ver com questões sociais e culturais nem com aspectos linguísticos, não podem ser traduzidas em palavras."
Sem texto, ela também fez uma roda de nove estruturas brancas em volta de um vazio, representando planetas do sistema solar. "Quero lembrar que não estamos no centro do universo", diz ela. "Somos partes de um todo."