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agosto 18, 2011
Praias de nudismo por Paula Alzugaray, Istoé
Praias de nudismo
Matéria de Paula Alzugaray originalmente publicada no caderno de Artes Visuais da revista Istoé em 12 de agosto de 2011.
Controvertido e explícito, o projeto internacional Destricted promove a interação entre arte, cinema e pornografia
Em inglês, destrict quer dizer “ilimitar a restrição”, ou “desconstruir fronteiras”. O termo dá nome a um projeto concebido pelo curador inglês Neville Wakefield que, em 2007, convidou oito artistas para mostrar em vídeos e filmes curtos suas visões da pornografia. Neste caso, destricted refere-se então à exploração – de maneira incansável, ilimitada – das relações entre arte, cinema e sexo. O resultado foi um longa-metragem exibido nos festivais de Sundance, Cannes, Locarno e Amsterdã. “Destricted.br”, versão brasileira do projeto, foi produzida por Marcia Fortes e Alessandra D’Aloia, proprietárias da galeria Fortes Vilaça. Oito diretores – sete brasileiros, um português e um espanhol naturalizado – foram convidados. Todos comparecem com vídeos, mas também com fotografias, pinturas e desenhos.
O resultado é diversificado, mas irregular. São inevitáveis as comparações. Adriana Varejão apresenta um trabalho frágil e tímido, diante da radicalidade – não apenas de carga sexual, mas, especialmente, de cinematografia – dos trabalhos de Miguel Rio Branco, Janaína Tschäpe e Dora Longo Bahia. Com uso excessivo de efeitos – transparências, fusões, câmeras lentas – o vídeo “Psinoe” denuncia a pouca familiaridade que Adriana tem com a imagem em movimento e certo deslumbramento em relação aos recursos dessa mídia. A fotografia “A Sereia e o Cinema”, still do vídeo, é mais eficiente.
Já “Petit a”, de Dora Longo Bahia, é um dos trabalhos mais intensos e provocadores da mostra. A artista, que tem o vídeo como linguagem de expressão há pelos menos 15 anos, realiza aqui uma orquestração bastante madura de todas as etapas de realização cinematográfica. Dora manufatura desde os elementos de cena – como o taco de baseball com ponta fálica para a cena do sexo na cozinha – até a trilha sonora, de autoria da banda “Blá Blá Blá”, na qual é baixista. Nesse sentido, seus procedimentos chegam a lembrar os do americano Matthew Barney, celebrizado pela série “Cremaster Cycle”, e um dos artistas integrantes do projeto americano.
A mostra brasileira ostenta diferentes graus de envolvimento com o tema. Há desde o sexo explícito de “Day and Night Shots”, de Marcos Chaves, até o lirismo de “Bichos Pretos Coloridos”, do cineasta Karim Aïnouz, que evoca a técnica bucólica da fotografia de nudismo ao ar livre, ou “Cooking”, de Tunga, que faz escatalogia em alta definição, o que é bastante desconcertante. O vídeo de Tunga é o único que integrou o projeto original, lançado na Inglaterra.