|
agosto 15, 2011
Mostra contempla diversidade e verve visceral de Bourgeois por Fabio Cypriano, Folha de S. Paulo
Mostra contempla diversidade e verve visceral de Bourgeois
Matéria de Fabio Cypriano originalmente publicada no caderno Ilustrada do joranal Folha de S. Paulo em 15 de agosto de 2011.
"Louise Bourgeois: o retorno do desejo proibido", em cartaz no Instituto Tomie Othake, em São Paulo, é mostra rara no cenário brasileiro, onde grandes nomes estrangeiros costumam comparecer com poucas obras ou trabalhos não tão representativos de suas carreiras.
Em geral, tais exposições costumam frustrar quem busca um panorama adequado que exemplifique por que um artista é tão valorizado. Não é este o caso. Com 112 obras de Bourgeois (1911- 2010), a mostra reverbera toda a sua verve visceral, a começar da primeira sala, onde estão ao menos três trabalhos centrais de sua produção: "Quarto Vermelho" (1994),"Spider" (1997) e "A Destruição do Pai" (1974).
Neles, concentra-se a linguagem poética da artista, que transformou em arte seus grandes traumas.
Melhor ainda é que a mostra respeita a obra da artista, mesmo baseando-se num forte conceito curatorial, que coloca a psicanálise como impulso fundamental para a criação de Bourgeois -tese de seu organizador, o canadense Philip Larratt-Smith.
Tais ideias estão defendidas no ótimo catálogo da exposição, com escritos da artista e muitos textos teóricos.
Assim, a exposição coloca em primeiro plano as obras, dispostas de forma elegante e sem grandes encenações.
Com uma seleção impressionante, que explora toda a diversidade de materiais utilizados por Bourgeois, seja vidro, aço ou delicados tecidos, a exposição, organizada em parceria com a Fundação Proa, de Buenos Aires, faz justiça a um nome central da arte contemporânea.