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agosto 11, 2011
Circo voador vira 'playground' de arte e tecnologia com festival de cultura digital por Carlos Albuquerque, oglobo.globo.com
Circo voador vira 'playground' de arte e tecnologia com festival de cultura digital
Matéria de Carlos Albuquerque originalmente publicada no caderno de Cultura do jornal O Globo em 11 de agosto de 2011.
RIO - Em vez de janelas, um mouse pode abrir portas, levando ao 2º Festival de Cultura Digital, que acontece de quinta, às 20h, até domingo, no Circo Voador. Promovendo a reciclagem eletrônica, através da troca de uma peça de computador por um ingresso, o evento pretende fazer um link entre arte e tecnologia, com shows, instalações interativas, festas e oficinas.
De apresentações de pioneiros da nova era musical, como o grupo pernambucano Mundo Livre S.A. (sexta), a obras recém-criadas, como a "Fecundation", do artista plástico Julio Lucio (na qual a imagem virtual de um espermatozoide vai acompanhar os movimentos de quem entrar numa cabine montada no local); passando por uma maquete interativa de um projeto sobre a ocupação da Praça Tiradentes ("Central Futuros", do grupo Studio X Rio, formado, entre outros, pelo arquiteto e designer Raul Correa-Smith ) e oficinas de animação com softwares livres, o evento tenta abraçar um pouco do que aconteceu nesse acelerado universo, desde 2009, quando aconteceu a sua primeira edição, no mesmo local.
- No mundo digital, dois anos são quase duas décadas. E, claro, muita coisa mudou entre a primeira edição do festival e a atual - reconhece Gaby Morenah, idealizadora do projeto. - Em 2009, nosso foco foi a discussão sobre downloads gratuitos, pirataria e os novos rumos da produção digital, com muitos debates sobre isso. Agora, como esses temas já parecem absorvidos, deixamos os debates de lado e nos voltamos para os resultados, mostrando a face artística de pessoas que têm a tecnologia como principal ferramenta de trabalho.
De caixas de suco a Lobão
No festival, esse conceito é vasto e generoso o suficiente para abrigar bandas de última geração, como a Nova Lapa Jazz (cujas apresentações, às quartas, nas ruas do Centro, foram amplificadas pelas redes sociais, num boca a boca virtual) e instalações como a "Tela Móbile", do artista visual Bernardo Marques, que enche caixas de suco de projeções de vídeos.
- São 65 caixas de suco reaproveitadas, formando 13 fileiras, em cima das quais são projetados loops de vídeos caseiros meus, também reciclados - explica Marques, que vai atuar também como VJ, sexta, na festa Tonga da Mironga, ao lado dos DJs Negralha e Babão. - As fileiras de baixo têm sensores eletrônicos, que modificam os vídeos quando as caixas são apertadas. É uma forma de simbolizar como se dá a reciclagem cultural em tempos de Creative Commons.
Para a criadora do evento - que vai promover também o lançamento do curta "Não há estilo sem fracasso", sobre Lobão, que também faz show ali, sábado - , o festival tem a mesma natureza que o local que o abriga.
- A interatividade, o toque e o contato são as marcas dessa edição - garante Gaby. - Se fosse em um museu, talvez as pessoas ficassem mais respeitosas. Mas o Circo é um lugar onde subir ao palco é quase uma tradição do público. Num ambiente assim, fica mais fácil desmistificar a tecnologia e aproximá-la de todos.