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julho 13, 2011
Novas obras para se ver em Inhotim por Camila Molina, O Estado de S. Paulo
Novas obras para se ver em Inhotim
Matéria de Camila Molina originalmente publicada no caderno de Cultura do jornal O Estado de S. Paulo em 13 de julho de 2011.
Além do sucesso da atual retrospectiva da brasileira Lygia Pape (1927-2004) em cartaz até 3 de outubro no Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofia em Madri, a artista fluminense também terá, a partir de 2012, um pavilhão inteiro para sua instalação Tteia no Instituto Inhotim, em Brumadinho, Minas Gerais. Será a Galeria Lygia Pape, a ser construída logo no início do centro de arte onde funcionava antes um estacionamento. Mas antes disso, em outubro, Inhotim inaugurará para o público uma série de novas obras criadas por artistas nacionais como Marepe e Marilá Dardot e estrangeiros como o suíço Thomas Hirschhorn, o chileno Eugenio Dittborn e o italiano Mario Merz.
O escritório de arquitetura mineiro Rizoma é o responsável pelo projeto da Galeria Lygia Pape, como conta o curador de Inhotim Jochen Volz. "Vamos fazer com cuidado e ainda estamos planejando, mas vai ser um pavilhão de formas simples por fora porque no interior o espaço deve ser preto", ele ainda diz. Segundo Volz, o pavilhão ficará pronto no primeiro semestre de 2012.
Essa versão de Tteia, que vai ficar em exibição em caráter permanente em Inhotim, é fruto de pesquisa iniciada pela artista na década de 1970, mas foi criada em 2004. Em espaço totalmente escuro, a Tteia é feita de fios de ouro que saem de formas quadradas presas ao chão, transformando em poesia o local com feixes de luz de quase imaterialidade. A obra esteve na 53.ª Bienal de Veneza, em 2009, da qual Volz foi cocurador e na qual Lygia Pape recebeu menção honrosa.
Humanismo. O Instituto Inhotim, criado pelo empresário Bernardo Paz, tem, além de pavilhões exclusivamente dedicados a um único artista como, por exemplo, os de Miguel Rio Branco e Adriana Varejão, galerias em que são exibidas mostras coletivas com obras da coleção da instituição. É o caso, por exemplo, das galerias Lago e Fonte, que, a partir de outubro, serão reconfiguradas com novas obras adquiridas pelo instituto.
"É possível ter uma outra noção de tempo em Inhotim", diz Volz, referindo-se ao fato de que uma exposição temporária no centro de arte pode durar anos. A Galeria Fonte não é "repaginada" desde 2008.
Nela estarão, entre outras obras, pinturas The 6th History of the Human Face, de Eugenio Dittborn (artista também homenageado da 8.ª Bienal do Mercosul, a ser inaugurada em setembro); a série Fragmento Brasil, com imagens feitas pelo alemão Lothar Baumgarten entre 1977 e 2005; e o trabalho Upon a Time, do inglês Steve McQueen. "É uma exposição de muita humanidade", diz Volz. Já a Galeria Lago exibirá o vídeo Confronto, da mineira Cinthia Marcelle; a obra A Bica, do baiano Marepe; e a instalação Restore Now, que Hirschhorn criou em 2006 para a 27.ª Bienal de São Paulo.
Mas vale ainda citar as obras que Inhotim apresentará ao ar livre, como A Origem da Obra de Arte, de Marilá Dardot; um dos iglus históricos de Mario Merz; como ainda trabalho de Chris Burden e a bela Elevazione, de Guiseppe Penone, em que cinco árvores naturais crescerão carregando uma árvore esculpida em bronze.