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julho 7, 2011
A arte de desiludir por Paula Alzugaray, Istoé
A arte de desiludir
Matéria de Paula Alzugaray originalmente publicada no caderno Cultura da revista Istoé em 7 de julho de 2011.
Espelhismos e simulacros diluem as fronteiras entre realidade e ficção em exposição em São Paulo
Assim é se lhe parece/ Paço das Artes, SP/ até 18/9
A desilusão teria sido o complô da arte contemporânea contra a representação do mundo em imagem. Quem argumenta é o filósofo francês Jean Baudrillard (1929-2007), teórico do simulacro, das aparências, dos artifícios e do “excesso de realidade” da cultura moderna. Desiludir seria combater o real – e todo espaço representativo herdado do Renascimento. Isso porque, ao contrário do que se poderia prever, “a ilusão potencializa o real”. Essas ideias, que durante a vida de Baudrillard fizeram barulho e geraram polêmica, revivem nas obras da exposição “Assim É Se Lhe Parece”, no Paço das Artes, em São Paulo.
A mostra é formada por 11 obras de artistas brasileiros e estrangeiros que jogam com as possibilidades do engano e da ilusão. “Lousa”, de Bruno Dunley, pode ser considerada uma imagem referencial, um ponto de partida para o entendimento desse tipo de partido artístico. Graças às qualidades de simulação atingidas pela técnica pictórica, o óleo sobre tela ganha a aparência de giz sobre lousa. Assim, a pintura de Dunley é um simulacro de uma lousa real. Com isso, evoca a expectativa, que vigorou do Renascimento ao modernismo, de que a pintura é uma janela para o real.
A fotografia, o cinema e o vídeo viriam depois a tomar emprestada essa função da pintura. E a exposição no Paço das Artes dá conta de informar que a ilusão é a linha que costura a pintura a todas as novas mídias: da fotografia à videoinstalação em animação 3D.
A qualidade de colocar a realidade em suspensão está presente, por exemplo, nas fotografias do argentino Leandro Erlich. As três fotos apresentadas partem de uma instalação, na qual é utilizado o recurso do reflexo. Nela, as pessoas desafiam as leis da realidade quando, num jogo de espelhos, se posicionam sobre imagens de fachadas de prédios e casas.
Os trabalhos expostos em “Assim É Se Lhe Parece” assimilaram a crise da representação e ao mesmo tempo devolvem à ilusão o seu papel decisivo. O título faz referência à peça homônima do dramaturgo italiano Luigi Pirandello (1867-1936) – “Così È, Se Vi Pare”, escrita em 1917.
que bosta...
Posted by: r.schmidt at julho 19, 2011 4:26 PM