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julho 4, 2011
Todos por um por Catharina Wrede, O Globo
Todos por um
Matéria de Catharina Wrede originalmente publicada no caderno Cultura do jornal O Globo em 4 de julho de 2011.
Parque Lage faz leilão beneficente de arte, com obras de 36 artistas contemporâneos, para ajudar galerista Sandra Spritzer
RIO - É uma oportunidade rara. Artistas como Daniel Senise, Ernesto Neto, Raul Mourão, Niura Belavinha, Matheus Rocha Pitta, Laura Lima, Roberto Cabot e Bob N e se uniram para montar um leilão beneficente na Escola de Artes Visuais (EAV) do Parque Lage hoje à noite, em prol de uma causa nobre: ajudar a custear os tratamentos médicos da galerista Sandra Spritzer, que sofreu um derrame no ano passado e está internada, em fase de recuperação. Quem teve a ideia, organizou e reuniu todo mundo foi o artista plástico Matheus Rocha Pitta, amigo de Sandra. O leilão começa às 20h e deve ter três horas de duração.
- Mais do que pelo dinheiro que vamos arrecadar, esse leilão é um gesto afetivo - diz Matheus. - Convidei pessoas que tinham uma ligação com a Sandra e que eu sabia que iriam participar. Estamos fazendo um esforço para concentrar essa energia positiva. E não é uma coisa hippie. É não ficar parado de braços cruzados observando o que pode ou não acontecer.
Obras de R$ 300 a R$ 15 mil
Ao todo, 36 artistas participam do evento, com uma obra cada um. São esculturas, desenhos, pinturas, fotografias e gravuras, que estão expostas desde anteontem na EAV para visitação.
Os lances mínimos vão de R$ 300 (a fotografia "Arquipélago", de Pedro Motta) a R$ 15 mil (a obra "Quadros superpostos", de Renata Lucas). O leilão conta com trabalhos bastante representativos da arte contemporânea brasileira, como uma litogravura de 2005 de Daniel Senise (R$ 3 mil); a obra "Embriolóbulos", tela em caneta e aquarela, de Ernesto Neto, (R$ 11 mil); uma pintura-foto de Niura Belavinha, da série "Performed painting - Espelho móvel/interferência urbana Pampulha" (R$ 3 mil); e fotografias de, entre outros, Marcos Bonisson, Matheus Rocha Pitta e Bob N.
- O preço que colocamos não é o de mercado, porque esse não é um leilão como o da Bolsa de Arte, por exemplo. Por isso, estamos tendo um certo cuidado para diferenciá-lo. O grande lance é juntar dinheiro para a Sandra - explica Matheus, que está colocando à venda hoje, por R$ 4 mil, uma obra sua que na galeria custaria R$ 6 mil.
Matheus diz que a ideia é, assim que acabar o leilão, levar pessoalmente o cheque para a mãe de Sandra, em Porto Alegre e, junto com ele, um vídeo para a galerista assistir. O artista está pegando depoimentos de todos os envolvidos no leilão, não só os artistas, mas moldureiros, galeristas e leiloeiros que contribuíram de alguma forma.
- O vídeo é para a Sandra ver e sentir um estímulo na recuperação. Ela acordou de um coma de três meses contra todos os prognósticos dos médicos, então queremos ajudar a pagar a fisioterapia, a fonoaudióloga... Nada é garantido, a não ser que nós, e quem for ao leilão, estaremos ajudando a renovar uma esperança.