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junho 8, 2011
Bambozzi: retrospectiva no México por Nina Gazire, Istoé
Bambozzi: retrospectiva no México
Matéria de Nina Gazire originalmente publicada no caderno de Cultura da revista Istoé em 4 de junho de 2011.
Lucas Bambozzi - O espaço entre nós e os outros/ Laboratório de Arte Alameda, Cidade do México/ até 12/6
Entre os artistas da geração formada na década de 1990, Lucas Bambozzi está entre os mais atuantes e influentes pesquisadores das possibilidades artísticas das novas mídias. Trabalhou com diferentes tipos de suportes, desde os mais tradicionais – como o cinema – até os mais recentes, como a robótica. Atualmente, realiza sua primeira retrospectiva internacional no Laboratório de Arte Alameda, localizado no centro histórico da Cidade do México. Com curadoria de Christine Mello, a mostra abarca 20 anos de sua carreira, com obras produzidas entre 1992 e 2011, sendo que 12 delas são instalações e oito são obras em vídeo e cinema. “O importante dentro da mostra é perceber como as poéticas dos trabalhos foram mudando ao longo dos anos”, afirma Christine Mello, que trabalhou na seleção das obras em conjunto com o artista.
Com o título de “O Espaço entre nós e os outros”, o eixo da seleção curatorial está nas relações de poder entre o macro e o micropolítico, questões predominantes da obra de Bambozzi. Para o artista, problemas como a sociedade de controle e as mudanças geopolíticas aceleradas pelos novos meios de comunicação são questões políticas que se dão em sociedade, mas que igualmente atingem o indivíduo em seus espaços mais íntimos. Pensando nisso, toda a exposição foi montada de acordo com as características particulares do local expositivo, já que o edifício foi construído em 1571 para abrigar um convento. Um exemplo é a obra “Pêndulo” (foto), que foi montada pela primeira vez no Centro Cultural Banco do Brasil, em São Paulo, em 2005. Na obra, um objeto suspenso em forma de pêndulo projeta imagens de acordo com os ruídos do ambiente. Mas, na Cidade do México, que foi fundada pelos astecas sobre um lago – e por isso está afundando –, o Pêndulo de Bambozzi se encontra torto. “Esse foi um tipo de equalização muito interessante, já que essa questão política e histórica acaba por ser incorporada ao trabalho. Por estar torto, ele se torna a medida dessa característica da cidade e provoca o público visitante”, explica Lucas Bambozzi, que desde janeiro mantém um blog com toda a documentação da montagem e atividades educativas da mostra.