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junho 2, 2011
Secretaria diz que MIS é "equipamento" do governo de SP por Claudio Leal e Marcela Rocha, Terra Magazine
Secretaria diz que MIS é "equipamento" do governo de SP
Matéria de Claudio Leal e Marcela Rocha originalmente publicada no Cultura do Terra Magazine em 1 de junho de 2011.
Leia também as matérias e respostas que compõem o Dossiê MIS e Paço das Artes: A morte anunciada de um modelo de gestão.
Questionada sobre as críticas da diretora Daniela Bousso à troca de comando no Museu da Imagem e do Som (MIS) de São Paulo, a Secretaria da Cultura garante que vai dar "continuidade" à gestão anterior, mas que trabalhará "mais a fotografia e o cinema em todos os multimeios". Administrado por uma organização social (OS), o MIS é considerado um "equipamento" estatal pelo secretário Andrea Matarazzo:
- O Museu da Imagem e do Som (MIS) é um equipamento do Governo do Estado de São Paulo, mantido com recursos públicos. Uma das missões da Secretaria de Estado da Cultura é assegurar uma administração organizada, transparente e que, fundamentalmente, resulte em serviços de qualidade aos cidadãos. - diz a nota enviada a Terra Magazine.
E prossegue:
- O objetivo da mudança da administração do MIS é dar continuidade ao trabalho realizado até agora, seguir investindo em novas mídias e, ao mesmo tempo, ampliar o foco de atuação do museu para atingir todas as possibilidades artísticas em imagem e som, trabalhando mais a fotografia e o cinema em todos os multimeios. Outra meta é levar o acervo do museu ao maior número de pessoas, por meio da integração com instituições no interior do Estado.
Em entrevista exclusiva a Terra Magazine, Daniela Bousso criticou as pressões sobre o museu, relatou que o governo não quis negociar e rebateu as críticas do secretário da Cultura. "Matarazzo está equivocado e promove um retrocesso de 30 anos ao querer que o MIS se volte somente para a fotografia e o cinema", cravou.
Matarazzo articulou a troca de comando do MIS e indicou o ex-proprietário do Cine Belas Artes, André Sturm, para ocupar o cargo de diretor-executivo. O conselho administrativo da organização social que cuida da gestão do MIS referendou a escolha de Sturm nesta segunda-feira (30). Os críticos da mudança consideram-na uma intervenção política no museu.
Em declarações à Folha de S.Paulo, Matarazzo revelou seu desejo de ver o museu se concentrar na fotografia e no cinema, além de ampliar seu público. "O MIS precisa dar um salto, não pode ser tão hermético. Não se pode pôr R$ 12 milhões por ano para um público de apenas 80 mil pessoas", asseverou.
Com mais de 800 assinaturas, um abaixo-assinado contra a "intervenção" no MIS circula na internet e será enviado ao governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. Nos últimos anos, o MIS se voltou para a interação das mídias digitais com as artes. Agora, como determinou Matarazzo, ele deve se voltar "às suas origens".
Daniela Bousso questionou a formação técnica de André Sturm para sucedê-la no cargo. "O que diz ao conselho quando lhe perguntam como trabalhará no MIS, se não entende de artes nem de novas mídias? Ele responde que contratará pessoas. Outra conversa pra boi dormir. Com que critério ele contratará, se ele não entende de arte contemporânea e novas mídias?", atacou.